Projeto, que junta o Estabelecimento Prisional e a marca Labuta, permite ocupar o tempo e ganhar algum dinheiro.
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Numa mão o giz, na outra o molde. Nélson Costa prepara-se para desenhar no tecido de burel, estendido numa das mesas da sala do pavilhão da prisão transformada em ateliê de costura, as peças com que ele e os colegas irão montar os chinelos. Ao lado, Wilson Carvalho vai cortando as linhas a mais num dos pares já feitos. Os dois integram o projeto que, em 2021, juntou o Estabelecimento Prisional de Leiria Jovens (EPLJ) e a Labuta, uma marca de calçado e acessórios de Leiria, que visa, por um lado, contribuir para a reinserção social dos reclusos, e por outro, preservar a tradição dos antigos chinelos de trapos e do uso do burel, um tecido artesanal português típico da serra da Estrela.
"Aqui, o tempo passa mais rápido. Estou concentrado no que faço. Não dá para pensar noutras coisas", diz Nélson, apontado pelos vários intervenientes como a "alma do projeto", no qual está desde o início. Pedro Olaio, CEO da Labuta, conta que o jovem foi um dos 20 que participaram num workshop realizado na prisão por uma artesã de Mangualde da Serra, "a D. Rosa, que toda a vida trabalhou com burel", e que, com o seu saber, se associou ao projeto.