Com a chegada de muitos brasileiros, Braga foi o concelho que mais cresceu no país
Concelho ganhou 11 830 habitantes numa década, um aumento de 6,5%. Emprego, universidade e habitação são principais atrativos.
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Com mais 11 830 habitantes do que em 2011, o concelho de Braga foi aquele que mais cresceu no país, em termos de população, perfazendo agora um total de 193 324 cidadãos residentes, segundo os resultados definitivos dos Censos 2021. Trata-se de um crescimento de 6,5% numa década e, para isso, em muito contribuiu a chegada de brasileiros à cidade, como a família Gutman. Segundo o economista João Cerejeira, o emprego, a universidade e a habitação são os principais fatores de atração.
Segundo os Censos 2021, Braga acolhe 11 280 residentes de nacionalidade estrangeira - mais 6481 que há uma década -, dos quais 7444 são brasileiros. "Houve um crescimento muito grande da população imigrante, nomeadamente de origem brasileira, porque o perfil produtivo em Braga, voltado para os serviços, é mais atrativo para esta comunidade", explica João Cerejeira, sublinhando que o crescimento do turismo ajudou à empregabilidade. Depois, assegura, a Universidade do Minho "é outro fator de atração". "Acabam por vir estudar e trabalhar", sustenta o economista, acrescentando que a habitação em Braga, "apesar de um custo maior agora, continua a ter oferta mais diversificada que outros concelhos vizinhos".
Preços mais apelativos
Uma realidade testemunhada pelo advogado Bruno Gutman, que confessa "nunca ter pensado sair do Brasil", até ser desafiado pelo sócio português a mudar de país. Por insistência, em 2018, decidiu fazer várias visitas a Portugal com a mulher, mas foi no final desse ano, numa passagem por Braga com a família completa, que acabaria por decidir a mudança. Nessa semana, procuraram casa, arrendaram um apartamento e, em maio de 2019, Bruno e Ingrid chegavam a Braga com as filhas, Ana Clara e Maria Júlia, e a mãe de Ingrid. Entretanto, há dois anos, a família acabou por aumentar com o nascimento de Francisco.
"A ideia inicial era Lisboa, mas não queríamos trocar-nos do Rio de Janeiro para outra cidade grande. O Porto não me agradou tanto e, quando chegamos a Braga, gostamos todos do sítio. Faz lembrar a cidade de Niterói, mais compacta", recorda Bruno, admitindo que os preços da Cidade dos Arcebispos também eram mais apelativos. Na altura, arrendaram um apartamento T3 por 750 euros, quando no Porto "já custavam 1100", compara Ingrid. Agora, decidiram avançar para a compra de um apartamento T5, em S. Vicente, perto do centro, "ainda por um preço justo", congratula-se Bruno.
Ana Clara diz que "está na melhor escola de toda a [sua] vida", no colégio Alfacoop, e já não quer voltar ao Brasil. Os pais também elogiam o Serviço Nacional de Saúde, "que não tem comparação" ao seu país de origem, e dizem já não querer abdicar da segurança que aqui ganharam. "Mesmo morando num resort no Brasil, não deixava as minhas filhas andarem sozinhas", recorda Ingrid.
AO PORMENOR
Centro cresce mais
O crescimento foi mais notado nas zonas urbanas de Braga. A freguesia de Gualtar, onde está a Universidade do Minho, foi a que teve maior aumento, com mais 4197 habitantes que em 2011.
Mais de 48 mil jovens
Considerado o concelho mais jovem do país, Braga conta com 48 729 residentes com idade até aos 24 anos. São mais do que a população registada com idade superior a 65 anos (35 173).