<p>As cooperativas Agrícola e dos Olivicultores de Nelas ponderam avançar para um processo de fusão que permita atacar a crise que está a afectar a comercialização do vinho e do azeite. Duas actividades vitais para a subsistência económica dos produtores e da região.</p>
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"Ano novo, vida nova". É a convicção dos responsáveis pelas duas organizações cooperativas, instaladas em Nelas, que querem começar desde já a definir as linhas estratégicas para uma "união inevitável" nos próximos meses entre o vinho e o azeite.
Apostadas em demonstrar ao Governo que precisam de apoios para levar por diante o projecto de uma futura fusão, os dirigentes convidaram o governador civil, Miguel Ginestal, a inteirar-se das suas intenções e projectos. Convictos da sua viabilidade.
"Há mercados que dão para os dois produtos em conjunto e que justificam que se avance quanto antes para uma parceria. Uma parceria que de certa forma já existe, uma vez que partilhamos os mesmos associados e dirigentes. Veja-se o caso do presidente dos Olivicultores que é tesoureiro da adega", justifica José Lemos, da direcção da Cooperativa Agrícola de Nelas (CAN).
Os últimos anos têm sido difíceis para as duas organizações. O problema comum do não escoamento dos produtos (há milhares de litros de vinho e de azeite em stock), gerou passivos avultados. Ao ponto de os produtores de vinho continuarem à espera de receber dinheiro em falta e de as dívidas no azeite ultrapassarem os 100 mil euros.
Tomada a opção de vender a privados a colheita de 2009, a adega de Nelas procura equilibrar a contabilidade. "Vamos pagar a campanha de 2009 nos próximos dias. Ficará a faltar um resto de 2007 e a totalidade de 2008", confirma José Lemos.
António Nisa, por sua vez, está preparado para pagar até 25 de Fevereiro 12 mil dos 116 mil euros a credores da Cooperativas dos Olivicultores. "O resto só com ajudas", declarou, dirigindo-se ao representante do Governo.
Afonso Loureiro, presidente da CAN, reconhece que há equipamentos de grandes dimensões, com custos elevados de manutenção e de pessoal, que podem ser rentabilizados num quadro de futura fusão institucional.
"É muito importante este esforço de convergência. As cooperativas são empresas e devem ter uma filosofia de gestão consentânea. A fusão tem vindo a ser adiada, embora haja apoios para esse efeito", sustenta Miguel Ginestal. Que considera excelente a ideia de juntar o vinho e o azeite, dois pilares da economia regional, inclusive numa marca única".