Negociações com Infraestruturas de Portugal na fase final. Loja no Porto não compromete a de Gaia, que continuará aberta. Questões com a Metro do Porto já estão ultrapassadas.
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O El Corte Inglés e a Infraestruturas de Portugal (IP) estão a ultimar as negociações para concluir a passagem do direito de superfície do terreno da antiga estação ferroviária da Boavista, no Porto, para o grupo espanhol.
O projeto de construção, cujo Pedido de Informação Prévia já recebeu parecer favorável da Câmara do Porto e cujo investimento será na ordem das "centenas de milhões de euros", não compromete o funcionamento da loja de Gaia, que vai manter-se aberta, garantiu ao JN o diretor-geral do grupo, Enrique Hidalgo.
Está ainda por decidir o futuro da antiga estação da Boavista. Também aqui terá de ser a Autarquia a pronunciar-se. Isto porque o processo de classificação do edifício, proposta à Direção-Geral do Património Cultural, foi arquivado: "[o local] não reúne os valores patrimoniais inerentes a uma distinção como valor nacional". Fica em cima da mesa uma eventual classificação de "interesse municipal" que depende da Câmara, esclareceu aquele organismo em junho.
As alterações necessárias ao projeto para não comprometer e respeitar a nova estação de metro (Casa da Música/Boavista, da futura Linha Rosa) que nascerá junto ao terreno, estão resolvidas, garante a Metro do Porto.
"Grande armazém"
Também a data de arranque das obras de construção da nova loja do El Corte Inglés e demais edifícios incluídos no projeto está por definir, uma vez que está dependente da resolução de "alguns constrangimentos administrativos", que não foram especificados. No entanto, mal sejam ultrapassados, o grupo espanhol estará em condições "de fazer esse enorme investimento", afirmou Enrique Hidalgo, garantindo que o novo centro comercial será um "grande armazém".
"Isto é, um espaço comercial organizado por departamentos e no formato vertical, diferente, portanto, de um centro comercial ou de um hipermercado. No entanto, procuraremos adaptar o projeto à cidade e ao local concreto em que será construído e complementar a oferta que já existe em Gaia", esclareceu Enrique Hidalgo.
Além do estabelecimento comercial, o projeto contempla um hotel, um edifício para habitação, comércio e serviços. Apesar das dificuldades financeiras do grupo, noticiadas pela Imprensa espanhola, nomeadamente o pedido de um empréstimo superior a mil milhões de euros para garantir liquidez suficiente ao El Corte Inglés e pagar a fornecedores, Enrique Hidalgo garantiu ao JN que o grupo tem a "a envergadura e a robustez necessárias" para avançar e para investir nos projetos que considera importantes.
À IP, as prestações decorrentes do contrato-promessa assinado entre as partes, que o grupo espanhol continua a pagar e cujo valor a IP não revela, ultrapassam já os 18 milhões de euros.