<p>Um menino de cinco anos morreu, esta quarta-feira, afogado num buraco cheio de água, num terreno ao pé de casa, em Vale Perneto, Abiúl (Pombal). A mãe estava a fazer o almoço e quando se apercebeu já era demasiado tarde.</p>
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Ricardo Miguel Caetano passava os dias a jogar à bola. Aos familiares e amigos, o menino, de cinco anos, assegurava, com frequência, que, quando crescesse, seria futebolista.
Ontem, enquanto a mãe, Guilhermina Mendes, fazia o almoço, a criança brincava, no terreno agrícola ao lado da casa, na Rua Principal de Vale Perneto, em Abiúl. "Acabei de fazer a sopa e vim para a rua queimar umas ervas secas. Achei estranho não o ver e comecei a gritar por ele", contou ao JN.
Foi nesse instante que chegou para almoçar um dos outros filhos, que começou à procura do irmão mais novo, acabando por o encontrar num buraco cheio de água, situado no fundo de uma ladeira que existe à porta de casa.
"Ele (o filho mais velho) veio aqui a correr buscar um pau e disse que o irmão tinha caído e ia tentar tirá-lo. Mas não foi capaz", explicou ainda Guilhermina Mendes.
Ricardo estaria a brincar com a bola e ela terá rolado até ao buraco. Foi ao tentar tirá-la dali que o menino perdeu o equilíbrio e caiu. Terá ficado preso na lama, acabando por morrer afogado. Para o conseguir retirar do buraco, os bombeiros tiveram que drenar uma grande parte da água.
Em lágrimas, a mãe era a imagem do desespero. "O que vou fazer agora da minha vida", interrogava-se, enquanto era consolada por familiares e amigos que se juntaram à porta de casa.
O corpo do pequeno Ricardo foi transportado à morgue do Hospital da Figueira da Foz, onde será hoje autopsiado.
A vizinhança questionava a razão pela qual a família não teve, nos momentos que se seguiram à morte da criança, qualquer tipo de apoio especializado. "Um drama destes e não apareceu aqui nenhum psicólogo para ajudar esta mulher", contava, revoltada, uma vizinha.
A família debate-se com problemas financeiros. Guilhermina vive sozinha com quatro dos cinco filhos - um deles está a morar com o pai. Ricardo era o mais novo. Dividia a casa com a mãe, e três irmãos - dois gémeos, de 19 anos, e um outro, de 12 anos.
O menino não frequentava a creche e iria iniciar, no próximo ano lectivo, a escola primária. "Ia fazer seis anos em Outubro", contou a mãe, descrevendo-o como "muito bem disposto e brincalhão".
"Era a minha companhia. Passava os dias comigo", frisou a mãe, entre lágrimas.