Derrocada em Lisboa: “Os meus sogros ficaram com uma viga a uma palma da mão da cabeça”
Um casal de idosos ficou soterrado, após a derrocada de um prédio contíguo aquele onde vivem, esta madrugada de segunda-feira, na Calçada da Picheleira, no Beato, em Lisboa.
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Quando, esta madrugada de segunda-feira, um prédio em obras desabou, no Beato, em Lisboa, atingindo o edifício contíguo onde viviam cinco pessoas, António Pereira saiu de casa a correr para ajudar os familiares e nem queria acreditar no que via.
"O que aconteceu foi um milagre. Os meus sogros estavam na cama a dormir e ficaram com uma viga a uma palma da mão da cabeça, estavam soterrados da cintura para cima. Os vizinhos já lá estavam a ajudar a escavar e a retirar as pedras porque eles ficaram com entulho até à anca", conta o genro do casal de idosos, que ficaram feridos sem gravidade. A mulher partiu uma perna e o homem fraturou a anca.
Os dois idosos, que estão agora no Hospital de São José em observação, estavam em casa com a filha e a neta, de oito anos, quando o prédio vizinho desmoronou e atingiu sobretudo o quarto do casal e a sala após destruir o telhado. "Ouvi um ruído muito forte, parecia um tremor de terra. Tinha acabado de adormecer e apanhei um susto enorme. Vim à janela e só ouvi a filha a gritar para salvarmos os pais. Os vizinhos foram a salvação deles, não se mexiam com a quantidade de entulho", conta Manuela Batista, vizinha, que ficou sem acesso à televisão porque a antena foi atingida pela derrocada.
O prédio que ruiu, com cerca de 80 anos, estava a ser remodelado há alguns meses, e nada fazia prever o que aconteceu, segundo os moradores ouvidos pelo JN. "Foi uma sorte ter acontecido durante a noite, se fosse durante o dia os trabalhadores tinham morrido", acredita António Pereira.
Na sequência da derrocada foram ainda atingidas duas viaturas. "Até nisso tiveram sorte. A minha cunhada costuma deixar o carro no sítio onde caíram as pedras e, ontem, deixou mais longe", conta ainda o familiar que usava o rés-do-chão do prédio danificado como armazém de ferramentas de trabalho.
"Vamos ter de pedir uma indemnização, os prejuízos ultrapassam os 150 mil euros", lamenta.
Os cinco moradores vão ficar a viver temporariamente em casa de familiares, uma vez que o prédio onde moravam ficou sem condições de habitabilidade. A filha e a neta não ficaram feridas porque se encontravam numa parte da casa que não foi tão afetada. O quinto morador não estava na habitação.
O presidente da Câmara de Lisboa, Carlos Moedas, disse, esta manhã de segunda-feira, que estão a investigar. "Trata-se de uma obra privada, a recuperação de um edifício, que estava licenciada. Estamos lá com os engenheiros da câmara a ver o que aconteceu. Não sabemos se quem estava na obra fez alguma coisa que não estava dentro das regras", afirmou.