Dezenas de pessoas concentraram-se, junto à estação dos CTT da Areosa, em Rio Tinto, Gondomar, para protestar contra o encerramento deste balcão, exigindo "um serviço público de qualidade" e criticando "medidas meramente económicas".
Corpo do artigo
Faixas e tabuletas com inscrições como "Não ao encerramento dos CTT" ou "Em defesa dos serviços públicos" ilustravam o grito "Os CTT são do povo, não podem fechar". Em causa está um balcão de CTT situado na fronteira entre os concelhos de Gondomar, Maia e Porto, local onde vivem cerca de 20.000 pessoas.
Em declarações à agência Lusa, o vereador do PCP na Câmara de Gondomar, Daniel Viera, criticou a decisão de encerrar este posto por este, disse, "ter um impacto muito grande e importante", apontando o dedo à administração dos CTT por "fechar serviços de forma cega".
"Não é verdade que esta estação não tem uma frequência grande. Há dias em que fazem filas aqui. Este encerramento, e de outras estações, é resultado da privatização dos CTT e de más decisões de vários governos. E esta zona já tem vindo a ser muito calejada: agora os CTT e antes encerraram a PSP", disse Daniel Vieira, justificando um protesto marcado pelo PCP/Gondomar.
De acordo com o vereador, o PCP já pediu a presença do ministro do Planeamento na Assembleia da República de forma a reivindicar que este promova a reversão desta decisão junto da administração dos CTT.
A estação dos CTT da Areosa localiza-se na rua D. Afonso Henriques, uma rua que faz a ligação entre o Porto e a freguesia de Ermesinde, em Valongo. Também a população das freguesias de Pedrouços e Águas Santas (Maia), Rio Tinto (Gondomar) e Paranhos (Porto) recorre a esta estação.
Eugénia Faria, administrativa, residente em Rio Tinto, é uma das utilizadoras deste balcão de CTT: "É uma estação muito usada e o que mais me faz confusão é que a mais próxima é a da Asprela [junto ao hospital S. João no Porto] que também vai ser encerrada", disse à Lusa.
Também Ana Ferreira, reformada, lembrou a dificuldades dos mais idosos em se deslocarem a outras estações e referiu que é neste posto que paga as contas mensais.
"Se cortam nos serviços todos, para onde caminhamos? Que país é este em que os pobres, que não têm carro nem internet, são quem mais sofre porque lhes é cortado tudo?", questionou.
Na quarta-feira, em declarações à agência Lusa, o presidente da câmara de Gondomar, Marco Martins, apontou que nem a autarquia, nem a junta de freguesia foram contactadas pela administração dos CTT, à qual o autarca disse ter pedido uma "reunião urgente".
Também o PSD/Gondomar, em comunicado difundido quinta-feira, criticou esta medida, dizendo estar "certo que o encerramento de mais um serviço de proximidade tão útil e importante para o desenvolvimento económico de Gondomar e para os munícipes, especialmente para os idosos e cidadãos de mobilidade reduzida, motivará uma deliberação conjunta e transversal de todas as forças políticas".
Os CTT confirmaram a dois de janeiro o fecho de 22 lojas no âmbito do plano de reestruturação, que, segundo a Comissão de Trabalhadores dos Correios de Portugal, vai afetar 53 postos de trabalho.
A empresa referiu que o encerramento de 22 lojas situadas de norte a sul do país e nas ilhas "não coloca em causa o serviço de proximidade às populações e aos clientes, uma vez que existem outros pontos de acesso nas zonas respetivas que dão total garantia na resposta às necessidades face à procura existente".
Em causa estão os seguintes balcões: Junqueira (concelho de Lisboa), Avenida (Loulé), Universidade (Aveiro), Termas de São Vicente (Penafiel), Socorro (Lisboa), Riba de Ave (Vila Nova de Famalicão), Paços de Brandão (Santa Maria da Feira), Lavradio (Barreiro), Galiza (Porto), Freamunde (Paços de Ferreira), Filipa de Lencastre (Sintra), Olaias (Lisboa), Camarate (Loures), Calheta (Ponta Delgada), Barrosinhas (Águeda), Asprela (Porto), Areosa (Porto), Araucária (Vila Real), Alpiarça, Alferrarede (Abrantes), Aldeia de Paio Pires (Seixal) e Arco da Calheta (Calheta, na Madeira).
A decisão de encerramento motivou já críticas de autarquias e utentes.