<p>A Extensão de Saúde de Loureda, em Arcos de Valdevez, custou meio milhão de euros e está pronta a funcionar há dois anos, mas permanece encerrada. No concelho, a Extensão de Soajo é a única de portas abertas.</p>
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A edificação de uma extensão de saúde na freguesia de Loureda, a dezena e meia de quilómetros de Arcos de Valdevez, apresentava-se como antiga reivindicação das gentes do concelho. Destinada a servir uma população estimada em cinco mil utentes, de mais de uma dezena de freguesias, a estrutura, que custou meio milhão de euros, ficou concluída há dois anos. Porém, desde então que permanece encerrada, para desespero dos utentes, grande parte deles idosos, que continuam a ter de deslocar-se à sede de concelho.
"É uma situação que nos traz a todos revoltados. A população ansiava pela abertura da extensão", assinala o autarca de Loureda, Manuel Leiras. Dando conta que muitos são os que esperam pela abertura da valência, acentua: "Não sei se perdemos a fé. Ficamos é revoltados com o dinheiro que ali se gastou, para nada".
Na localidade, situada a meio caminho entre Arcos de Valdevez e Monção, no coração do distrito, não falta quem aponte uma solução para o equipamento. Contudo, o que a população queria mesmo ver era a extensão a funcionar. À frente de um café junto à extensão, Manuel Rodrigues recorda que "há muito" que estava prevista a criação da valência naquela parte do concelho, "porque faz muita falta". Afiançando que o motivo que leva a que a estrutura permaneça encerrada "nunca foi explicado à população", assinala que o imóvel apresenta-se, actualmente, "como que um depósito ou armazém de equipamentos e mobiliário" do centro de saúde de Arcos, observando serem poucos na localidade os que acreditam que a extensão cumpra os objectivos para os quais foi criada.
"Fizeram as obras e gastaram o dinheiro mas, se precisamos de um médico, continuamos a ter de ir à vila. Simplesmente, não se compreende", desabafa João Cerqueira, da vizinha freguesia de Álvora, tendo José Andrade, morador em Aboim das Choças, acrescentado: "Caso não abra mais portas como extensão de saúde, ao menos que seja aproveitada para outro fim". Residente em Loureda, uma idosa asseverou que "muitas são as pessoas de idade avançada e de fracas possibilidades que têm de pagar um táxi, caso queiram ir ao médico".
O JN tentou obter esclarecimentos sobre a situação da extensão de Loureda junto dos serviços de relações públicas da Unidade Local de Saúde do Alto Minho, porém, tal não viria a ser possível até ao fecho desta edição.
Ao mesmo tempo que terminavam as obras da extensão de Loureda, encerrava, no concelho, a valência de Jolda Madalena, na franja Sul do município (que funcionava há meia dúzia de anos, abrangendo sete freguesias), levando a que a unidade criada há mais de 20 anos no Soajo se apresente, hoje, como a única extensão de Arcos de Valdevez.
"Esta foi a primeira extensão de saúde a abrir no concelho e o seu encerramento nunca esteve em causa", garante Luís Moreira, o único médico a prestar serviço no Soajo. Quanto aos utentes - cujo número supera as 1200 pessoas -, nem querem ouvir falar do fecho da valência: "É coisa que nem nos passa pela cabeça. De todo. Seria um transtorno que não faz ideia", comentou, a propósito, Mónica Araújo. Sobre a questão, Isaura Barros acrescentaria: "Aqui, somos muito bem atendidos. Caso esta extensão fechasse portas, eu teria de andar mais de três quilómetros a pé só para apanhar o autocarro".