A Direção Regional de Cultura do Norte revelou esta quinta-feira que tem até 13 de novembro para se pronunciar sobre o projeto de arquitetura para o edifício das Galerias Lumière, no centro do Porto, que vão encerrar no próximo ano.
Corpo do artigo
"Deu entrada na Direção de Serviços dos Bens Culturais, da DRCN [Direção Regional de Cultura do Norte], na passada 2.ª feira (dia 14), um projeto de arquitetura para o edifício em causa", aponta aquela entidade em resposta hoje enviada à Lusa.
A DRCN esclareceu, contudo, que "o referido projeto ainda não foi analisado", dispondo a direção regional "de um prazo até 13 de novembro para se pronunciar".
Na quarta-feira, a Câmara do Porto confirmava à Lusa que, para o local, "existe apenas a decorrer um PIP [Pedido de Informação Prévia]", não adiantando, no entanto, qual o projeto apresentado.
"O PIP ainda não tem informação favorável da câmara, estando, neste momento, a aguardar o parecer solicitado à DRCN", acrescentou o município.
A câmara escusou, contudo, a responder se teve ou não conhecimento antecipado do encerramento das Galerias Lumière, e qual a sua opinião sobre o desaparecimento deste local no centro do Porto.
No local, os lojistas falam em "bullying imobiliário", por parte da atual administração das Galerias que tem vindo a pressioná-los, através de email e sucessivos contactos telefónicos, no sentido de abandonarem o espaço o quanto antes.
11410635
Houve já vários lojistas que abandonaram o local em troca do perdão das rendas em atraso e outros que aceitaram um acordo com a administração que lhes ofereceu o valor das rendas até dezembro, sob compromisso de entregarem a chave em janeiro.
Já os comerciantes mais antigos, alguns com espaços naquele local há pelo menos 15 anos, recusaram-se para já a assinar o acordo proposto pela administração, estando a estudar junto dos seus advogados o caminho a seguir.
As notícias do encerramento das Galerias Lumière, onde chegou a funcionar nos anos 70 um cinema, levaram já o presidente da União de Freguesias do Centro Histórico do Porto, António Fonseca, a reagir, dizendo estar preocupado com a especulação imobiliária naquela zona.
"O que preocupa é que a especulação imobiliária naquele local possa matar a dinâmica conseguida nos últimos anos. Se acontece com moradores, mais depressa acontece com os comerciantes", afirmou em declarações à Lusa, na quarta-feira.
O autarca referiu que, nos últimos tempos, têm sido vários os edifícios adquiridos por investidores naquela zona, tal como aconteceu agora com as Galerias Lumière, cujo destino desconhece.
À Lusa, António Fonseca explicou, contudo, que a sua preocupação não se prende com o valor patrimonial daquele edifício que, considera, se perdeu com o fim do cinema e a sucessiva descaracterização do espaço.