Duas famílias da povoação de Segade de Cá, no concelho de Miranda do Corvo, estão ainda isoladas devido às cheias no rio Ceira, que no sábado inundaram terrenos e 12 casas junto à cidade de Coimbra.
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Esta terça-feira de manhã, uma máquina ao serviço do município de Miranda do Corvo deu início à reposição do caminho destruído pela cheia repentina, para assegurar acessos aos dois agregados familiares que estão impossibilitados de se deslocarem de automóvel ou de ser socorridos em caso de necessidade.
"Tratou-se de uma cheia anormal. Nunca este caminho sofreu um grau de destruição desta dimensão em situações anteriores, mesmo em cheias maiores do que esta", disse à agência Lusa o presidente da Câmara de Miranda do Corvo, Miguel Baptista, que acompanhou os trabalhos e falou com os residentes.
Nelson Reis, um dos residentes isolados, contou à agência Lusa que perdeu um automóvel, arrastado pela força das águas, e viu outro ficar praticamente submerso.
A cheia inesperada do Ceira afetou 12 habitações, junto a Coimbra, e cortou ainda o trânsito na rua e na ponte antiga que atravessam o Cabouco, implicando o desvio da circulação pela nova travessia do rio, ligando a povoação à estrada da Beira (EN 17).
Segundo o presidente da Câmara de Miranda do Corvo, o município "viu-se obrigado a uma intervenção urgente, de caráter provisório".
"Contudo, aguardamos que sejam apuradas as eventuais responsabilidades da EDP nesta ocorrência, através de um inquérito independente", disse.
Ainda no sábado, em conferência de imprensa, o presidente da Câmara de Coimbra, Manuel Machado, exigiu a realização de um inquérito por parte da Autoridade Nacional da Proteção Civil a fim de apurar responsabilidades pelo acidente, a rutura de uma conduta entre barragens.
Por sua vez, a EDP, entidade proprietária das duas barragens, rejeitou que a causa da cheia do Ceira tenha sido o rebentamento da conduta de ligação, entre Camba e Porto da Valsa, considerando que o impacto do acidente "foi diminuto".
A Proteção Civil informou na segunda-feira que a inundação ocorreu devido à precipitação "muito forte", considerando que a rutura de uma conduta entre barragens teve um "contributo marginal" para a cheia.
Após uma reunião extraordinária do Centro de Coordenação Operacional Distrital de Coimbra, realizada na manhã de segunda-feira, a Autoridade Nacional de Proteção Civil (ANPC) afirmou que, apesar de a rutura na conduta de transvase poder "ter contribuído para as inundações", até ao momento, os dados apontam para que "esse contributo seja marginal".