No Porto e em Gaia, as queixas dos utentes multiplicaram-se esta sexta-feira, no primeiro dia da operação da nova rede de transportes metropolitanos, Unir. Muitos dos autocarros não estavam identificados, nem indicavam as linhas. Os horários também suscitam reclamações.
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“Passa em Canelas? Aleluia!”, suspira para o motorista Maria Barros, que se impacientara ao ver a manhã do primeiro dia de operação da nova rede de autocarros Unir, da Área Metropolitana do Porto, findar-se sem conseguir chegar a Canelas, em Gaia. Como outros utentes, já havia corrido a saber o destino de cada autocarro desaguado no terminal rodoviário das Camélias, junto à Batalha, no Porto, onde a indignação se avoluma com o descontentamento de quem vê as horas correrem sem transportes a chegar.
“Vai para a praia de Salgueiros e eu vou para Canelas”, desanimara-se a utente, minutos antes, após interpelar outro motorista – muitos dos veículos que integram a nova rede ainda não estão identificados e não exibem o número da respetiva linha, que na Unir tem quatro dígitos.
Aurelina e Ricardo Braga seguem Maria e entram no autocarro verde sem número ou destino anunciado. Perguntam se vai para Canelas – é meio-dia e contavam seguir viagem às 11 horas, o horário que tinham antes da nova rede. Atrás do autocarro em que embarcam pára outro, com uma folha A4 colada no vidro a anunciar a linha 9055 e igual destino. Os protestos não se fazem esperar. “Vai para o mesmo sítio”, critica-se. “É uma vergonha; está tudo mal organizado”, condena Aurelina.
Falta de informação
Com trabalhos da faculdade à espera, Maria Ribeiro conforma-se em almoçar no Porto, já que “não tinha ideia nenhuma” de que não poderia rumar a S. João da Madeira às 10 horas, devido às mudanças impostas pela Unir. “Estou aqui desde as 9.15 horas porque havia autocarro às 10. Agora, há às 9, 14 e 20 horas. Olhe o intervalo que é. É péssimo”, lamenta a estudante, lembrando que “ao fim de semana havia autocarros de duas em duas horas”. A morar em Arouca, Adélia Silva também contava com o transporte das 10 horas. Revolta-se: “isto não cabe na cabeça de ninguém”.
A apreensão replica-se em Gaia, onde os horários dos autocarros também trocaram as voltas às vidas dos utentes. “Não é normal estar à espera mais do que uma hora. Os horários mudaram e e não sabia”, diz Gonçalo Sousa.