Operação aprovada pela Câmara do Porto, mas o projeto de arquitetura não está pronto. Construção da loja só começa quando linha Rosa estiver concluída.
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Está dado um passo decisivo para o arranque do projeto do El Corte Inglés na Boavista, no Porto. Após largos meses de polémica, a Câmara aprovou o pedido de licenciamento submetido pelo grupo espanhol, que corresponde ao Pedido de Informação Prévia admitido há mais de um ano. O grupo espanhol vê a luz verde com agrado, mas refere que a loja só começará a ser construída depois de concluídas as obras da linha Rosa (no final de 2024). Foi esse o compromisso assumido com a Metro do Porto.
Ainda não há projeto de arquitetura para o edifício e só quando estiver concluído é que o El Corte Inglés poderá prever quantos postos de trabalho conseguirá criar, referiu ao JN Susana Santos, a diretora de Comunicação da empresa. Também nessa altura a Câmara do Porto terá de se pronunciar para que o grupo espanhol possa avançar no terreno da antiga estação ferroviária. Aliás, a escritura entre o grupo espanhol e a Infraestruturas de Portugal (IP), dona do terreno, só avançará depois de ser emitido o alvará.
A construção do centro comercial implicará a demolição do edifício da estação, confirmada num despacho assinado pelos secretários de Estado do Tesouro, Miguel Cruz, e das Infraestruturas, Jorge Delgado, e publicado em "Diário da República" em fevereiro.
Três parcelas de terreno
O processo urbanístico aprovado ontem diz respeito a uma operação de loteamento do terreno correspondente a três parcelas: uma para comércio e serviços (o centro comercial) e outras duas que ficarão na posse da IP para "uso preponderante de habitação".
A entrega destas duas parcelas, que eram objeto de direito de superfície a favor da cadeia espanhola, decorre da reavaliação do preço do terreno e em cada uma poderá construir-se 50 fogos. O El Corte Inglés liquidou, no âmbito do contrato celebrado com a IP há 20 anos, 20,6 milhões de euros, mas o terreno vale agora 52,6 milhões de euros.
Está também prevista a construção de um conjunto de arruamentos e de uma praça, bem como da sede da Metro do Porto. Sobra uma fração de 254 metros quadrados que o grupo espanhol entregará à Câmara do Porto para pagar parte do valor das taxas urbanísticas.
Enrique Hidalgo, diretor-geral do El Corte Inglés, já garantiu ao JN que o investimento no "grande armazém" custará "centenas de milhões de euros" e servirá de complemento à oferta da loja de Gaia, que irá manter-se aberta.
Será, portanto, acrescentou Enrique Hidalgo,"um espaço comercial organizado por departamentos e no formato vertical, diferente de um centro comercial ou de um hipermercado". "No entanto, procuraremos adaptar o projeto à cidade e ao local concreto em que será construído e complementar a oferta que já existe em Gaia", pormenorizou.
Abrir uma loja no Porto é, para a cadeia espanhola, "um grande orgulho", já que, observou o diretor, é "uma cidade conhecida pelo bom gosto dos seus habitantes e pela sua modernidade".
Intenção da cadeia espanhola tem 20 anos
A vontade do El Corte Inglés em construir uma grande superfície na Boavista remonta ao início dos anos 2000. O contrato com a IP (à data, Refer) foi celebrado em março de 2002 e a intenção do grupo espanhol era construir um edifício de "dimensão máxima", semelhante ao de Lisboa, no gaveto entre a Avenida de França e a rotunda da Boavista. A Câmara do Porto, então liderada por Rui Rio, não aceitou a localização nem a volumetria previstas, tendo tentado sensibilizar a cadeia espanhola para transferir a sucursal para a Baixa, com uma dimensão menor. A loja foi então construída em Gaia.
A saber
Reverter negócio
Para reverter o negócio com o El Corte Inglés, a IP teria de devolver os 20 milhões de euros já liquidados e ainda teria de pagar uma indemnização, explicou o ministro Pedro Nuno Santos.
Sede da Metro
A nova sede da Metro do Porto sobre a futura estação da Casa da Música (II) terá dois mil metros quadrados, e criará condições para "instalar um centro de comando operacional da rede".
Plano Diretor
O Plano Diretor Municipal enquadra a parcela junto à rotunda da Boavista como frente urbana contínua em consolidação, o que permite a construção da nova loja.
