Participaram em convívios durante as férias e infetaram amigos e familiares em Campanhó, Mondim de Basto. Depois de soar o alarme, regressaram todos de carro a França.
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Cerca de 30 emigrantes em França chegaram a Campanhó, Mondim de Basto, para passar o Natal e o fim de ano. Participaram em convívios, não tomaram as precauções necessárias para evitar contágios pelo novo coronavírus, e acabaram por infetar conterrâneos e familiares que ali vivem permanentemente.
"Fizemos uma contagem e, entre emigrantes e residentes, ficaram infetadas 27 pessoas", disse, ao JN, Manuel Peixoto, também ele emigrante, na Suíça, chegado antes do Natal, "quando não havia em Campanhó qualquer caso". "No país onde vivo há muita disciplina e sigo-a aqui", justificou.
Mas na pacata aldeia incrustada na serra do Alvão, onde vivem cerca de "90 pessoas", pelas contas de Hilário Peixoto, membro da Junta de Freguesia de Campanhó e Paradança, houve quem não cumprisse as normas de distanciamento social e a coisa correu mal. "Uma certa juventude não assumiu a responsabilidade que devia ter assumido e isto chegou onde chegou", acrescentou Manuel Peixoto, recordando que "a bomba rebentou quando um rapaz foi fazer o teste e deu positivo". Alguns familiares de Manuel Peixoto foram infetados, mas "já estão bem". O cunhado Hilário não foi um deles. "Porque faço por ter cuidado para não adoecer", disse, assegurando desconhecer convívios de emigrantes e locais que terão contribuído para disseminar o vírus.
foram embora de carro
A certeza que Hilário tem é que "se os cerca de 30 emigrantes não tivessem ido embora, mesmo antes do que tinham previsto, teria sido pior". O irmão, que é padeiro como ele, ficou infetado, mas "já teve alta", regressou ao trabalho e com cuidados redobrados. "Diz que não nos dá o pão se não levarmos máscara", confirmou a moradora Ídida Farrôco.
Não sabem nada sobre o que se passou depois de os emigrantes partirem. Só Hilário salienta que "alguns vieram de avião e regressaram de carro". Ao JN, fonte oficial do Comando Territorial da GNR de Vila Real disse que "em nenhum momento a Guarda foi chamada à aldeia" durante os alegados ajuntamentos e convívios de emigrantes.
CONTÁGIO
Mondim de Basto contabilizava ontem 46 casos ativos
A presidente da Câmara Municipal de Mondim de Basto, Teresa Rabiço, revelou ao JN que, "oficialmente, foram confirmados 11 casos de infeção pelo novo coronavírus na freguesia de Campanhó e Paradança, na semana a seguir ao Natal". O relatório das autoridades de saúde recebido ontem revela que "o número de infetados baixou para três". No concelho de Mondim de Basto existem 46 casos ativos de covid-19, distribuídos pelas freguesias de "Ermelo e Pardelhas (4), Campanhó e Paradança (3), Atei (8), Vilar dos Ferreiros (12) e Mondim de Basto (19)".