Mau estado da EN105 em Santo Tirso leva condutores ao desespero. Estragos nos carros são frequentes, sobretudo pneus furados e jantes danificadas.
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Há vários meses que cruzar a movimentada EN105 na zona do vale do Leça, em Santo Tirso, é um jogo de sorte e azar: as obras para a instalação da rede de abastecimento de água alongaram-se no tempo e o piso da estrada, entre a Carreira e Água Longa, está continuamente em mau estado, com buracos, fissuras e desníveis que têm causado danos nos veículos.
A Câmara de Santo Tirso garante que tem mantido contactos com a Águas do Norte para que a reposição provisória do piso seja assegurada para minimizar os transtornos. A empresa prevê concluir os trabalhos até ao final de março, assim o clima o permita.
Manuela Cerqueira está entre os condutores azarados: logo em março do ano passado, pouco depois do arranque das obras, houve o susto e o carro danificado, quando "um camião calcou as pedras soltas que deixaram na berma, na altura em que abriram a estrada, e elas saltaram e partiram o para-brisas e amolgaram o capô".
"Acho que fui a primeira pessoa a queixar-se [de prejuízos nas viaturas]", crê a funcionária de uma padaria em Lamelas, a poucos metros de dois buracos no meio da estrada.
O estrago cifrou-se em 350 euros, e "foi o empreiteiro que pagou", mas para o sobressalto não houve remédio. "Isto às seis da manhã, sem contar... Andei mais de meia hora atordoada. Todos os dias a gente vem por esta estrada, para trabalhar, e é sempre devagarinho...", descreve Manuela, que diariamente assiste a "uma quebra no negócio".
"Tenho clientes que deixaram de vir, e dizem que já não passam aqui por causa das obras. 90% são clientes de passagem, daí fazer a diferença", lamenta a trabalhadora, contando que, no caso da colega, "foram os pneus do carro que rebentaram" nos buracos da EN105. "A gente foge de um buraco e mete-se noutro; nem adianta ter cautela. E basta que venha chuva que já não se vê os buracos. É muito complicado", acrescenta.
"Um lago autêntico"
Na farmácia de Eduarda Coelho, já perto da Carreira, ecoam queixas idênticas: acumulam-se as reclamações dos clientes e aviam-se menos receitas por conta do mau estado da estrada, que, naquela zona, acumula água sempre que chove. "É um lago autêntico; as pessoas querem atravessar e arriscam-se a levar uma molha. Isto ficou impossível; o piso está uma desgraça", critica a dona do estabelecimento, que vê a intervenção "prolongar-se no tempo" e recorda que a obra, "nesta zona, esteve parada em agosto".
"Para quem faz isto todos os dias, é horrível. Se fugir para a direita, apanho um buraco, se for para a esquerda, há outro. Mesmo andando devagar, é difícil. Todos os utentes desta estrada têm tido reclamações. Há jantes partidas, pneus furados...", elenca a farmacêutica, lembrando que, "em novembro, só num dia houve 12 ocorrências".
Maria Moreira mora na zona de Lamelas e fala em "calamidade". Tece críticas aos trabalhos da empreitada, promovida pela Águas do Norte, porque "passam a vida a tapar e a destapar" a via. "Isto está assim há muito tempo", protesta.