A entreajuda é o apoio com que os habitantes de Eiras, Santa Cruz, contam para enfrentar a tempestade na Madeira e que causou a inundação de várias casas na povoação, submersão de automóveis e corte de estradas.
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Segundo disse à Lusa uma testemunha ocular, várias famílias da povoação, que fica a cerca de 10 minutos do Funchal, tiveram de abandonar as suas habitações por volta das 10:00, sob forte chuvada, e refugiar-se em casa de outras pessoas em zonas que não foram afectadas para fugir à enxurrada resultante do rebentamento de uma ribeira, "que levou tudo à frente".
"Se tivesse sido de noite tínhamos morrido todos", desabafou à agência Lusa uma das desalojadas, uma jovem do continente de férias em casa de familiares, na rua por onde passou a enxurrada, enchendo as casa de água e lama e submergindo os automóveis que estavam estacionados na rua.
Esta rua de Eiras, em declive, com moradias geminadas novas, transformou-se no leito da ribeira que corria a montante e que, devido às fortes chuvadas, transbordou, levando na corrente muita lama, troncos de árvore e lixo.
Os pisos térreos das moradias da parte mais baixa da rua ficaram completamente inundados e as pessoas tiveram de fugir pelas varandas do primeiro andar, passando assim de umas casas para as outras.
Como os bombeiros não puderam responder à chamada, porque a estrada de acesso à povoação está cortada, os vizinhos tiveram de ajudar nesta operação os que tinham mais dificuldade pois entre os desalojados estão famílias com idosos, crianças e até bebés.
"Neste momento as pessoas que tiveram de abandonar as suas casas estão em casa de vizinhos, noutros pontos do lugar que não foram afectados pela enxurrada, que lhes emprestaram roupa e estão a alimentá-las", disse a mesma fonte à Lusa.
"O que valeu foi que se gerou uma onda de solidariedade entre vizinhos, uns vão fazer comida para trazer para os outros e emprestaram roupa para que possamos tirar a roupa molhada do corpo", afirmou a jovem lembrando que no rés do chão da sua casa ficou tudo destruído, desde móveis a louças, até ao computador e ao telemóvel. A força da enxurrada era da tal ordem que rebentou alguns muros, ninguém se feriu mas as pessoas lamentam os danos nas moradias e os automóveis que ficaram cobertos de água e lama.
Entretanto, alguém mobilizou uma retroescavadora de um particular que conseguiu desviar o curso da enxurrada para outra ribeira contígua às casas, que costuma ter um caudal muito pequeno, evitando que a cheia se agravasse.