"Às vezes, apetece-me encostar o carro e seguir viagem de metro". O desabafo é de Nuno Ferreira, que faz distribuição em vários pontos da Maia. A EN14, que dá acesso à zona industrial e ao Instituto Universitário da Maia, faz parte da sua rota.
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É um ponto de passagem obrigatória e, devido ao trânsito intenso, também de paragem. O tormento do pára-arranca adensa-se ao final do dia, com o regresso a casa.
"É terrível. Parece que os carros nascem na estrada", disse Nuno, que para percorrer 11 quilómetros pela EN14, entre Maia e Matosinhos, onde vive, já chegou a demorar duas horas.
No concelho, há mais zonas congestionadas. A par do centro da Maia, incluindo a zona do Catassol, as longas filas de trânsito repetem-se na EN 13, na Rua D. Afonso Henriques, na Via Norte e na A4, junto ao túnel de Águas Santas. A cobrança de portagens na A41 leva muitos condutores a desviarem-se pelas alternativas. Como consequência, acumulam-se os carros nas estradas nacionais. Na rotunda de Moreira da Maia, perto do restaurante Tourigalo, Joel Pereira, taxista, defende o fim dos pórticos. "Não tem cabimento. As pessoas não estão para pagar e fazer um quilómetro. Acabam por usar as estradas nacionais", realçou Joel.
Aliás, para Mário Nuno Neves, vereador da Mobilidade, o "excesso de portagens" é o principal problema no concelho. "Muito do trânsito que deveria fluir pelas vias principais vem à cidade para fugir às portagens. Do ponto de vista de portagens, na Maia, é um roubo, um escândalo. Em menos de dois quilómetros temos quatro pórticos", criticou, alertando para as consequências do tráfego pesado circular no centro.
"Não temos grandes hipóteses de gerir o tráfego que invade o território por estas razões [escapar às portagens]", disse o autarca.
A variante que está a ser construída para descongestionar a EN14 promete ajudar. Reiterando que "o grande cancro do trânsito é a política de portagens contra os interesses do município", Mário Nuno Neves pede para que o concelho seja "tratado" como Matosinhos, Póvoa de Varzim e Vila do Conde. "Não há comparação possível entre o número de portagens que se encontram nesses municípios e na Maia".
Alargar a Via Norte
Para solucionar o problema, falta alargar a Via Norte, disse o taxista Armindo Ferreira. "Tem sempre bastante trânsito, principalmente para quem vai da Maia para o Porto. A via pouco mudou em 30 anos", considerou.
Reconhecendo os desafios de atravessar a via, Mário Nuno Neves defende que o alargamento não seria solução. "Temos promovido modos de mobilidade suave para levar as pessoas a usar meios alternativos ao automóvel. Criamos ciclovias e procuramos aprimorar a rede de transportes para que os interfaces aconteçam de uma forma mais inteligente", salientou.
Detalhes
198 mil viagens
Na Maia, por dia, realizam-se 198 899 deslocações de carro, segundo o Inquérito à Mobilidade.
15,9 minutos
É o tempo médio gasto nas viagens dentro do município, apontado pelo Inquérito à Mobilidade nas Áreas Metropolitanas.