Todas as empresas de Viseu se queixam do mesmo: falta gente para trabalhar.
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Há empresas de todas as áreas na Feira de Empregabilidade do Interior. Porque, aparentemente, não falta emprego nesta zona do país. Desde a área das telecomunicações, engenharia, construção, hotelaria, turismo, restauração, tecnologia, à indústria, entre muitas outras.
A Visabeira, por exemplo, tem mais de 50 vagas disponíveis só em Viseu. A procura de colaboradores prende-se, sobretudo, com o trabalho sazonal. "O grupo tem várias unidades na área da restauração e hotelaria e a dificuldade é encontrar pessoas motivadas para trabalhar nesta área. Uma dificuldade que se agravou com a pandemia", adianta Diana Magalhães.
Para a responsável de recrutamento do grupo, a pandemia teve um efeito importante na mudança de prioridades das pessoas e quem trabalhava nesta área decidiu mudar de vida.
Em Viseu, continua a ser difícil contratar engenheiros devido "à quantidade de alternativas que existem nos grandes centros e às melhores condições que oferecem", conclui Diana Magalhães.
Na empresa Meivcore, do setor da manutenção industrial, são precisos soldadores, serralheiros e técnicos de higiene e segurança. "São áreas em que não é fácil encontrar mão de obra. Vamos tendo candidaturas, mas sobretudo estrangeiras", confessa Anabela Cardoso, técnica de recursos humanos.
Do Interior mais interior, o responsável de recrutamento da Coficab, uma multinacional sediada na Guarda com mil trabalhadores, não esconde as "enormes dificuldades no recrutamento", quer de perfis com formação qualificada quer de colaboradores menos qualificados. "Há cada vez menos pessoas com interesse e vontade em trabalhar na indústria", diz Pedro Santos, reconhecendo que a solução da empresa passa por atrair outras nacionalidades.
A Associação Empresarial da Região de Viseu (AIRV), defende que "se paga mal no Interior do país". Carla Cardoso, do gabinete de inserção profissional da AIRV, considera que existe cada vez mais diferença entre aquilo que as pessoas procuram e o trabalho que existe disponível.
"As pessoas procuram tranquilidade, um trabalho das 9 às 17 horas. Às vezes sem qualificações para isso", remata.
Carlota Marques, da Associação Interioriza-te, que organiza o evento, defende que "se os jovens sentirem dificuldade em arranjar emprego é porque não o procuram". "O Interior é maioritariamente representado pela indústria, pelo que em engenharias tem muito mais vagas. Na administração e gestão, pode ser mais difícil, mas também há", remata.