<p>A ponte sobre o rio Tejo, encerrada a 20 de Julho por problemas detectados no tabuleiro da rodovia, virou do avesso a vida dos mais de 3700 habitantes do concelho de Cosntância. E há já quem não consiga suportar os custos inerentes ao fecho.</p>
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“A situação já está muito complicada e antevejo grandes e graves problemas para as famílias e para a economia do concelho”. As palavras são de Máximo Ferreira, presidente da Câmara de Constância, que tenta resumir o sentimento geral. “Parece que estamos de luto.
Só pensamos na falta que a ponte nos faz” diz. E, anteontem, as ruas do concelho vestiram-se mesmo de luto, com tarjas negras penduradas nas janelas das habitações e em locais de serviço público.
Máximo Ferreira não sabe ainda calcular o valor dos prejuízos causados com o encerramento da ponte, propriedade da Refer, e por onde passavam diariamente mais de quatro mil automobilistas. “Já fecharam cafés, restaurantes e uma pastelaria” e “o supermercado da vila está com um decréscimo de 50% ”, conta.
“As pessoas que vivem na margem sul vinham à norte fazer compras, almoçar ou tomar café. Agora não o fazem”, descreve.
Além do comércio a vida de muitas famílias está também a ser afectada. “Há já situações dramáticas” admite o autarca, explicando que “as pessoas que têm de se deslocar de carro não vão suportar muito mais tempo os gastos com os combustíveis”.
Com o encerramento daquela travessia, as alternativas mais próximas (as pontes da Chamusca e de Abrantes) situam-se a cerca de 25 quilómetros de distância, o que implica deslocações acrescidas de cerca de 50 quilómetros para serviços como assistência domiciliária e deslocações para o emprego.
Com o início do ano lectivo, o problema agrava-se, já que mais de metade da população do concelho reside na margem sul, sendo que é na margem norte onde se localizam as escolas e serviços.
“Não temos capacidade para ir buscar os alunos e trazê-los à escola, por estradas sinuosas e que provocam enjoos às crianças”, assegura Máximo Ferreira, revelando ter feito uma proposta à CP para a qual aguarda resposta. “Sugerimos que fosse cedido um comboio, uma carruagem, apenas para o transporte de alunos” contou, adiantando esperar ter uma solução antes do início das aulas.
“Não é possível as crianças atravessarem de barco e depois irem a pé para a escola. E no Inverno, com frio e chuva e com os caudais do Tejo, não será seguro”, admite.
A ponte vai continuar encerrada a todo tráfego rodoviário mais dois meses, até ser feita uma nova análise técnica mais aprofundada, com cálculos de peso.