Cinco freguesias de Fafe estão revoltadas com a decisão do arcebispo de Braga de afastar o pároco Manuel Torre.
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Os fiéis de cinco paróquias do concelho de Fafe ameaçam fechar as portas das igrejas, já no próximo fim de semana, caso se confirme a saída do padre Manuel Torre. Desde setembro a zelar pelas paróquias de Aboim, Felgueiras, Pedraído, Gontim e Revelhe e santuário da Senhora das Neves, Manuel Torre está atualmente suspenso de funções por haver suspeita de consumo excessivo de álcool e de envolvimento amoroso com mulheres.
"Foram fazer acusações falsas ao arcebispo de Braga. Se a decisão não for revertida as igrejas serão trancadas", afiança ao JN Paula Cunha, do Conselho Económico e Paroquial de Aboim, porta-voz das restantes comunidades que reuniram anteontem para analisar a situação. Um representante de cada conselho paroquial tentou falar com D. Jorge Ortiga, na tarde de segunda-feira, mas não foram recebidos.
"As chefias da Igreja não ouvem o povo. Queremos provas das acusações que foram fazer sobre o padre Manuel", diz. Paula Cunha garante que "o pároco é acolhedor, próximo das pessoas, fala com elas antes das missas. Faz o trabalho dele e nunca falhou. E ninguém das paróquias encontra razões para a mudança.
"Alvo de conspiração"
Ouvido pelo JN, o padre Manuel Torre diz estar a ser "alvo de uma conspiração por parte dos superiores" por ter uma forma "distinta de agir com a população". O pároco acusa diretamente o arcipreste de Fafe, José António Carneiro, de ser o autor das denúncias que levaram à decisão da arquidiocese.
"Ele é que me acusa do álcool e das mulheres", refere Manuel Torre, um jovem padre de 27 anos, que está a dias de completar o primeiro aniversário da ordenação. "A minha vida nos últimos meses tem sido um inferno. Estou a ser vítima de bullying. Trata-me com arrogância, insulta-me, como se eu fosse um seminarista. Sentia-me prisioneiro na minha casa, estava debaixo de coação psicológica", denuncia Manuel Torre.
Confrontado com as acusações, o jovem pároco explica que "não havia semana que não fosse almoçar, pelo menos uma vez, a casa de paroquianos, mas sempre como padre, homem de fé", rejeitando envolvimentos amorosos ou consumo excessivo de álcool.
Também ao JN, o arcipreste José António Carneiro refuta as acusações do padre. "Tudo isso é falso. Em oito meses almoçamos dezenas de vezes e nunca me disse isso a mim. Nem ao arcebispo, nem a ninguém". Rejeita também a ideia de que terão sido da sua autoria as queixas sobre o padre Manuel Torre. "A saída dele não é da minha responsabilidade. O que o arcebispo sabe está sob reserva", sublinha.
A arquidiocese emitiu uma nota onde alega ter sido o pároco Manuel Torre a solicitar "um tempo para restabelecer a saúde" e, por isso, foram-lhe retiradas as paróquias.