Num concelho que tem perdido população, os oito concorrentes consideram importante atrair o investimento e melhorar a qualidade de vida para fixar habitantes.
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A necessidade de fixar as pessoas em Coimbra e de atrair investimento para o concelho dominou o debate entre os oito candidatos à Câmara Municipal. A oposição acusou o Executivo do PS de ter feito estagnar o concelho enquanto o atual presidente, Manuel Machado, assegura que os maiores problemas de Coimbra estão a ser resolvidos.
Segundo os dados dos Censos 2021, Coimbra perdeu 2600 residentes em 10 anos. Mas Manuel Machado afirmou não estar preocupado com esses números. "Isso não me preocupa, porque as pessoas têm tendência a fazer uma conclusão catastrofista da redução demográfica. Estamos a investir na educação e no reforço da ação social escolar. Temos isenções fiscais do Imposto Municipal sobre Imóveis (IMI), a criar empregos com incubadoras como o Instituto Pedro Nunes, que está a fazer um trabalho notável, e temos o novo iParque", apontou o candidato socialista, garantindo que são medidas que irão fixar mais pessoas.
O candidato da coligação Juntos Somos Coimbra (PSD-CDS-Nós Cidadãos-PPM-VOLT-Aliança e RIR), José Manuel Silva, apontou para a dificuldade que há em investir em Coimbra, devido à inoperância da Câmara. "É verdade que Coimbra, na faixa acima dos 85 anos, ganhou cerca de 3000 residentes, mas na dos 25 aos 29 anos, perdeu 6000. Isto tem consequências gravíssimas para o futuro. As pessoas são obrigadas a ir embora se não tiverem emprego. Não é por acaso que Braga ganhou 12 mil residentes, é porque tem uma Câmara amiga do investidor", exemplificou.
11 milhões para habitação
Da parte da CDU, o candidato Francisco Queirós (vereador da Habitação nos últimos oito anos) sublinhou estar em curso um investimento de mais de 11 milhões de euros em bairros municipais. "Nos próximos seis anos, 860 famílias vão poder ter casa", afirmou, ressalvando, no entanto, que não vai resolver o problema. "É necessário um investimento nacional", considerou.
Jorge Gouveia Monteiro, do movimento Cidadãos por Coimbra, destacou o problema dos licenciamentos para recuperar ou construir habitações no concelho e o mercado das creches, em que só há uma pública. Para fixação das pessoas, Gouveia Monteiro sugere uma mudança na frente da cidade. "Os estaleiros da REFER já deviam estar na posse do município, e isso seria uma excelente oportunidade para instalar indústrias criativas, a ligação do Parque Verde ao Choupal e criar uma nova frente da cidade", sublinhou.
Para conseguir atrair mais investimento e fixar mais as pessoas, o candidato da Iniciativa Liberal, Tiago Ribeiro, indicou as suas prioridades: "Precisamos de mais investimento, de mais emprego e da Câmara ajudar a realizar os sonhos das pessoas. Um empreendedor que quer construir prédios, se vir que o concelho ao lado vai demorar menos tempo a licenciar, vai construir lá", defendeu. Filipe Reis, do PAN, elencou problemas que afastam as pessoas de Coimbra, como "habitação a preços muito elevados, falta de mobilidade ambiental e a falta de um plano de mobilidade pedonal, com muitas ruas sem passeios".
Acarinhar comerciantes
A coligação Coimbra Capital (PDR-MPT) considera que os comerciantes locais devem ser mais acarinhados, apontando ideias para a atração de investimento, como a "criação de empresas-âncora na Baixa, bem como "startups" ou incubadoras", no entender da candidata Inês Tafula. Da parte do Chega, a solução apontada passa, segundo o candidato Miguel Ângelo Marques, "pelo alargamento de parques industriais, aligeirando os procedimentos de licenças e alvarás".
Inês Tafula entende ainda que a cidade "é muito suja", enquanto Miguel Marques sublinhou a inexistência de uma feira de comércio e indústria local, "como Cantanhede tem, tendo aproveitado a Expofacic".