<p>Como seria de esperar, a escolha do novo mordomo da Cruz de Fontão, em Ponte de Lima, constituiria, ontem, o momento alto do almoço em que tomaram parte 400 pessoas. "Sinto-me orgulhoso", confidenciaria Serafim Vaz, que sucede no lugar a Manuel Vieira.</p>
Corpo do artigo
Só depois de muitas voltas pelas mesas do improvisado salão e da escolha dos dois mordomos do Senhor é que o raminho de laranjeira (que sinaliza a escolha do mordomo da Cruz) viria a ser colocado na lapela de Serafim Vaz, ex-emigrante, de 62 anos, que em 2008 regressou ao torrão natal.
"Obrigado! É uma honra!" diria, debaixo dos holofotes das câmaras da televisão, mal foi escolhido para dar continuidade a tradição cujas origens se perdem no tempo. "Foi uma grande surpresa, asseguro-vos! Juventude há que me conhece mal. Estive fora muito tempo. Mas estou feliz, muito feliz. Podem crer", acrescentaria.
Para o futuro responsável, que assumirá o cargo na quarta-feira de cinzas do próximo ano, o montante necessário para pôr de pé a festa não se apresenta como problema: "Essa, a meu ver, não é a principal questão. Nem de perto nem de longe. A principal questão é estar à altura para honrar a tradição", afiançando que gostaria de ver no repasto de 2011 as suas filhas, a residir em diferentes países da Europa. "Essa sim seria a minha maior alegria."
"Aliviado" afirmar-se-ia, por sua vez, Manuel Vieira, dando conta que para a opção por Serafim Vaz pesou "o contributo que sempre deu e continua a dar à freguesia e à nossa comunidade". A festa, que prolongar-se-ia noite dentro, foi animada por tocadores de concertina e por um grupo de bombos, que deu entrada no recinto quando estralejavam os foguetes em Vitorino das Donas, dando conta da saída do singular compasso - no qual os mordomos levam lenços à cabeça. Hoje, a região minhota volta a honrar tradições com as travessias dos rios Minho e Homem, respectivamente, pelos compassos de Cristelo Côvo (Valença) e de Fiscal (Amares), acolhendo o lugar das Neves (Viana do Castelo) a Mesa dos Três Abades.