Os habitantes das freguesias atravessadas pela futura via de ligação ao Avepark queixam-se que a estrada vai "cortar os territórios ao meio", afastar as populações e "destruir a coesão territorial". Esta terça-feira aproveitaram a visita do secretário de Estado do Ambiente para se manifestarem contra o projeto.
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Aproveitando a presença do secretário de Estado do Ambiente, Hugo Pires, em Guimarães, esta terça-feira, para assinalar o Dia Internacional de Ação pelos Rios e contra Barragens, o movimento cívico dos moradores das freguesias atravessadas pela via do Avepark aproveitou para chamar a atenção para a sua causa. Este grupo de cidadãos está contra a construção da ligação que pretende aproximar o parque de ciência e tecnologia, em Barco, da entrada da A11, em Silvares.
Cerca de duas dezenas de manifestantes empunharam cartazes contra a via do Avepark, numa iniciativa em que além do secretário de Estado, estava também o vice-presidente da Agência Portuguesa do Ambiente (APA), José Pimenta Machado e o presidente da Câmara de Guimarães, Domingos Bragança (PS).
Os manifestantes queixam-se de uma obra que, segundo a representante do movimento, Natália Ferreira, "em alguns lugares, terá taludes de 22 metros e noutros terá profundidades próximas desse valor". Para estes cidadãos, a via vai cortar as suas freguesias ao meio e afastar populações, "rompendo a coesão social".
É muito mais importante para as populações resolver a questão desta estrada nacional que liga Guimarães às Taipas
Natália Ferreira, que é presidente da Junta de Freguesia de Prazins Santa Eufémia (PSD), afirma que "na minha freguesia, ainda não encontrei ninguém que fosse favorável". A autarca lembra que o trajeto que agora é proposto, "partindo da rotunda de Ponte, já não é uma via dedicada, pelo contrário, tem três rotundas e apanha um troço da problemática EN101". Para Natália Ferreira, "é muito mais importante para as populações resolver a questão desta estrada nacional que liga Guimarães às Taipas [e a Braga] e que está congestionada."
"Andamos tantos anos para conseguir ter acessos dignos nas freguesias e agora vão cortá-los com uma via que não é uma estrada normal, tem o perfil de uma autoestrada", dizia um dos manifestantes. O movimento, tal como a Associação Vimaranense de Ecologia, questiona os fundamentos da APA para ter dispensado o projeto da Avaliação de Impacto Ambiental (AIA). "O presidente da Câmara disse que, ainda que não fosse necessário, iria pedir a AIA, a verdade é que não foi feita", sublinha Natália Ferreira.
Domingos Bragança, por outro lado, afirmou, na última reunião de Câmara, que a via do Avepark é fundamental para descongestionar a EN101 e permitir a construção do corredor dedicado para metrobus ou metro ligeiro que ligará Guimarães a Braga e à estação da alta velocidade.