Diretor do Centro Distrital de Segurança Social acusa instituição de solidariedade Socialis de estar a receber fundos ilegalmente por ter a sua casa de acolhimento para mães adolescentes fechada desde abril. E lança suspeita sobre salário da presidente da instituição.
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A presidente da Socialis, que acompanha grávidas e mães adolescentes e tem uma casa de acolhimento com capacidade para cinco jovens, iniciou, esta quinta-feira de manhã, uma greve de fome em frente ao Centro Distrital de Segurança Social do Porto.
Luísa Costa diz-se desfavorecida na atribuição de fundos, recebendo cerca de 220 euros por cada jovem alojada, quando outras instituições chegam a receber perto de mil. Uma falta de fundos que gera um défice mensal de três a quatro mil euros e que levou a asistente social a optar por suspender a casa em abril, enquanto espera uma renegociação do acordo com a Segurança Social. Pede "no mínimo a paridade" e alerta para o risco de se perderem vários postos de trabalho.
Na altura em que registavam depoimentos das mães e funcionárias que fizeram questão de apoiar Luísa Costa, os jornalistas foram convidados a entrar no centro distrital, cujo diretor, Sampaio Pimentel, quis lamentar um protesto "manifestamente infeliz" pelo "momento e circunstância" escolhidas.
"Existe um acordo celebrado entre o Estado português, a Confederação Nacional de Instituições de Solidariedade, as mutualidades e as misericórdias no sentido de rever os acordos atípicos e excecionais", com vista a "eliminar os privilégios de uns poucos". Uma negociação no âmbito da qual o secretário de Estado da Segurança Social, Marco António Costa, apontou um valor à volta de 700 euros como justo. "Mas também diz que cada caso é um caso".
Sampaio Pimentel disse, contudo, que a Socialis não está a dar a resposta pela qual recebe, dado que tem o lar fechado há um mês. Fala de ilegalidade no recebimento de fundos e adianta que a própria Luísa Costa terá dito que a casa não tinha licenciamento, por funcionar num local diferente daquele que foi acordado. Facto que a própria nega, exibindo fotografias de visitas de membros da Segurança Social ao apartamento reconvertido.
O responsável apontou "dificuldades de gestão da instituição" à qual atribui "única e exclusivamente" a responsabilidade pelo eventual despedimento coletivo. E instou os jornalistas a perguntar à assistente social se recebeu ordenado pela Socialis e se faltou ao emprego que ocupa na Câmara da Maia. Questionado de volta, Sampaio Pimentel respondeu não saber se era o caso. Mas garantiu que a ilegalidade nos recebimentos (o acordo engloba uma verba global para 85 utentes, dez das quais em alojamento) para a casa "é manifestamente uma questão de privilégio" perante a qual a Segurança Social terá de "agir em consequência".
Cá fora, as ex-utentes não esconderam o desalento. E a diretora da Socialis lamentou ataques pessoais que "só provam a má fé". Diz que não recebe salário pela Socialis, exceto como coordenadora do ATL, função que ocupa por sugestão, diz, da própria Segurança Social. E nega falta de assiduidade no emprego, situação com a qual, garante, os serviços não têm nada a ver.
A instituição acompanha 127 mães.