Meio de transporte que revolucionou a mobilidade na Área Metropolitana já retirou mais de 67 milhões de carros das estradas e evitou a emissão de 645 mil toneladas de CO2. Linha Amarela está a crescer, a Rosa a ser construída e a Rubi está prestes a avançar.
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Começou a circular na Área Metropolitana do Porto (AMP) há exatamente duas décadas e, desde então, o metro já retirou das ruas mais de 67 milhões de automóveis. Mais precisamente 67 604 561. E desde 2008, ano em que começou a ser feita a avaliação, a operação evitou a emissão de 645 115 toneladas de CO2.
Mas estes números não ficarão por aqui. De olhos postos no futuro, a empresa prepara-se para arrancar, até setembro do próximo ano - pelo menos é essa a intenção -, com a obra de construção de uma nova linha que atravessará o rio Douro, ligando, num segundo traçado, os municípios do Porto e de Gaia: a Linha Rubi. Também para o próximo ano está prevista a conclusão da obra de prolongamento da Linha Amarela até Vila d"Este, Gaia. Já em dezembro de 2024, será a vez de acabar a empreitada da Linha Rosa, entre a Casa da Música e S. Bento, no Porto. Só estas três extensões deverão retirar mais 7770 carros por dia das estradas.
Rede vai crescer
A estes três traçados, e tendo em conta os planos anunciados, daqui a 20 anos o metro deverá ter pelo menos mais seis ligações (ver infográfico abaixo), servindo por exemplo zonas tão populosas como S. Mamede de Infesta, em Matosinhos, ou o centro de Gondomar. Ao JN, o presidente da Metro do Porto, Tiago Braga, disse acreditar que nessa altura a rede terá 150 mil validações (em 2019, quando foi batido o recorde de passageiros, registaram-se 72 milhões).
Para já, a quantidade de emissões evitadas justifica-se, essencialmente, pela elevada procura no tronco comum da rede, entre a Senhora da Hora, em Matosinhos, e a Trindade, no Porto, onde se cruzam todas as linhas da rede: Amarela, Azul, Laranja, Violeta, Vermelha e Verde. Mas também pela elevada procura na Linha Amarela, entre o Hospital de S. João, no Porto, e Santo Ovídio, em Gaia, que é a mais concorrida.
Mais park & ride
É inegável o contributo das composições para a quantidade de emissões de CO2 evitadas, mas Ana Paula Gonçalves, diretora do gabinete de Ambiente, Segurança e Qualidade da Metro do Porto, chama a atenção para a "componente de saúde pública". "Há toda uma abordagem mais holística que eu acho que é necessário ter relativamente à utilização do metro. Tem a ver com a redução do nível de ruído, de acidentologia, do stress e do conforto que existe ao utilizar o metro em vez do carro", esclarece a responsável.
Daqui a 20 anos, acredita Ana Paula Gonçalves, o sistema já se traduzirá mais num efeito de "rede", passando a ser utilizado "não só nas horas de ponta, mas também ao longo do dia". "Aí sim, acho que o efeito [de redução das emissões de CO2] será muito mais potenciado, até porque as pessoas deixarão de ter de trazer o carro para o centro do Porto, e é isso que se pretende", observa.
A diretora do gabinete de Ambiente, Qualidade e Segurança da empresa fala ainda na criação de "polos de park & ride" na rede, permitindo aos utilizadores "estacionar o carro no início do dia e fazer as suas deslocações de metro, no centro da cidade do Porto e pela AMP, com a complementaridade dos outros meios de transporte".
"Torna-se um bocadinho difícil perspetivar reduções em termos de emissões num horizonte de 20 anos, mas obviamente que serão imensas e contamos que assim seja", garante.
Árvores protegidas
Atualmente, há duas ligações em obras: o prolongamento da Linha Amarela até Vila d"Este (Gaia) e a linha Rosa, entre S. Bento e a Casa da Música, no Porto. Mesmo antes do arranque da operação comercial, ou seja, ainda durante as obras de construção dos novos traçados, a preocupação com o ambiente mantém-se. De acordo com Ana Paula Gonçalves, no jardim do Carregal, no Porto, onde nascerá a estação do Hospital de Santo António, procedeu-se à poda das árvores e à sua proteção, de forma a que "a obra também não interferisse". Em determinadas situações "foi necessário fazer mesmo o transplante de algumas dessas espécies, que depois serão substituídas na fase final de inserção urbana", acrescentou.
"No caso de Gaia, também tivemos situações idênticas. Houve até uma questão com uma mancha de sobreiros, que tivemos de afetar [no Hospital Santos Silva] e que iremos proceder à compensação através de uma plantação extensiva nas serras de Valongo", justificou.
E há ainda ações para minimizar os impactos dos trabalhos junto da população. "Há um conjunto de medidas de proteção dos equipamentos e das frentes de obra para minimizar o ruído. Quando não o conseguimos de todo, existe a medida última, que é o realojamento de pessoas e temos feito alguns no centro do Porto", exemplifica.