Hospital do Tâmega e Sousa leva consultas de saúde mental a jovens de Baião, Cinfães e Resende
O Centro Hospitalar do Tâmega e Sousa (CHTS) está a desenvolver, desde 17 de maio, em Baião, um projeto de saúde mental na área da infância e adolescência. A experiência piloto vai estender-se a Cinfães e a Resende, outros dois municípios dos mais distantes da sede do hospital.
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A experiência, uma parceria entre o CHTS o ACES Tâmega I e as Autarquias, resultou na constituição de uma equipa multidisciplinar formada por colaboradores da unidade hospitalar de psiquiatria, na área da infância e adolescência que está a realizar consultas descentralizadas nos territórios abrangidos pelo projeto.
Até à data, em reuniões de triagem médica, foram discutidos 14 novos pedidos de consulta provenientes dos três concelhos e efetuadas 15 sessões de acompanhamento multidisciplinar com crianças e adolescentes nos locais de intervenção. Até outubro de 2021, estão agendadas 40 consultas de pedopsiquiatria.
A estrutura do atendimento está organizada em quatro grupos: crianças dos 18-30 meses para despiste de perturbações do espetro do autismo com aplicação do M-CHAT (questionário psicológico que avalia o risco de desordem do espetro do autismo) a todas as crianças; grávidas e mães com indicadores de depressão clínica; filhos de pais com doença mental grave e grávidas adolescentes. Estas últimas em articulação com o internamento de psiquiatria de adultos e com a consulta multidisciplinar da grávida adolescente.
Entre as áreas alvo de atuação prioritária da equipa multidisciplinar (composta por uma enfermeira de saúde mental e psiquiatria, uma assistente social, uma psicóloga; uma terapeuta ocupacional, um médico pedopsiquiatra e uma assistente administrativa), estão bebés e crianças em idade pré-escolar que não estejam a frequentar a creche ou jardins de infância e que estejam aos cuidados de pais com patologia mental identificada; crianças ou adolescentes que estejam em situação de recusa escolar e grávidas ou mães adolescentes.
"Temos uma sociedade ansiosa com níveis de stress elevados que passa para as crianças desenvolvendo-se outras patologias associadas. A distância do hospital faz com que exista uma desistência da procura da ajuda. Ao virmos para cá, na raiz, pretendemos agarrar o problema o mais precoce possível", refere, ao JN, fonte da equipa após mais uma consulta que acabara de terminar no Centro de Saúde de Baião.
A consulta descentralizada permite, assim, que territórios mais periféricos tenham acesso a serviços especializados em articulação com outras estruturas e profissionais da comunidade, nomeadamente a Comissão de Proteção de Crianças e Jovens, as equipas de Psicológicos dos Agrupamentos de Escolas e as Unidades de Saúde Locais.
"Devido à dificuldade em agendar consultas desta especialidade no hospital, esta aproximação às populações reveste-se de uma importância muito grande, ainda mais tratando-se de faixas etárias jovens, onde uma abordagem precoce pode fazer toda a diferença", sublinha, José Pinho Silva, Vice-Presidente da Câmara de Baião.