Equipamento, que resulta de um investimento de dois milhões de euros, vai permitir cuidar doentes com tremor essencial sem ser preciso cirurgia.
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Quando a medicação já não surtia efeito em doentes diagnosticados com tremor essencial ou com Parkinson a única solução no nosso país passava pela cirurgia. Todavia, agora já é possível, no Porto, tratar os sintomas através de um tratamento inovador, no Hospital da Venerável Ordem Terceira de São Francisco, que não implica cortes nem sedação.
Uma "mais-valia", conforme descreveu ao JN Luís Cherpe, diretor-geral da Ordem, que foi possível graças a uma parceria entre o hospital e o grupo JCC Diagnostic Imaging, que recorreu a um investimento externo para adquirir o novo aparelho "por dois milhões de euros", referiu o mesmo responsável.
O tratamento inovador - que já se faz em países como EUA, Espanha, Inglaterra ou Dinamarca - é centrado numa máquina - a HIFU (High Intensity Focused Ultrasound) - que "acoplada a uma ressonância magnética permite o tratamento não cirúrgico em doentes com tremor essencial e em doentes com Parkinson", explicou Joana Costa, médica radiologista, que é a coordenadora da unidade, que vinca: "Este tratamento não trata a doença de base, trata o tremor, que no fundo é um sintoma". Em casos, por exemplo, em que pessoa "já não é capaz de assinar o próprio nome ou de beber um copo de água".
A especialista salienta que "a importância deste equipamento prende-se com o facto de ser o único tratamento não cirúrgico que existe na atualidade", referindo ainda que é um método que "não utiliza radiação, uma vez que é baseado em ultrassons".
Dura duas a três horas
A preparação que o doente tem de fazer para este tipo de intervenção "é muito semelhante ao de uma ressonância magnética, com um jejum, não precisando de sedação", disse a médica. Em média, o tratamento dura "duas a três horas".
O senão é que a pessoa tem de rapar o cabelo "para o ultrassom penetrar no crânio". Mas até isso está acautelado: "Vamos começar por ter este tratamento com um internamento meramente preventivo, em que o doente entra na véspera, e de manhã é-lhe rapado o cabelo, escusando ter essa preocupação", garantiu Joana.
Sendo que, dependendo dos casos, "com um único tratamento doente deixa de tremer".
Luís Cherpe destaca que tratamentos como este "fazem parte de uma estratégia diferenciadora de evolução do Hospital de São Francisco", enaltecendo a "parecia extraordinária com a clínica JCC Diagnostic Imaging", que permite "disponibilizar ao doente o que há de melhor no mercado".