Os hoteleiros da Madeira pedem medidas concretas, como campanhas de marketing agressivas e a redução das taxas aeroportuárias, para evitar a redução do fluxo de turistas nos próximos meses.
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"Março e Abril são os dois meses com preços de hotelaria mais altos durante o ano" e "estamos a ter muitos cancelamentos de viagens", afirmou António Trindade, um dos principais hoteleiros da ilha, à Agência Lusa.
Neste momento, "a maioria dos operadores turísticos não está a devolver" o preço pago pelos bilhetes, apesar dos "cancelamentos diários".
É necessário evitar "o desvio das férias" por parte dos turistas, pelo que será preciso "sermos particularmente agressivos com os nossos possíveis clientes", seja "ao nível de preços ou de marketing", defende.
Para o hoteleiro, a Madeira tem de "aprender com os desastres naturais de outros destinos turísticos" que conseguiram "recuperar rapidamente a sua imagem" nos mercados internacionais, numa referência à Indonésia e à Tailândia.
"O preço e as acessibilidades são factores essenciais" para contrariar a quebra turística, mas também uma "aposta na revalorização da imagem pública da ilha".
"Temos de tentar compensar as más imagens que foram passadas de sábado com a divulgação do trabalho de recuperação que está a ser feito, que é a todos os níveis louvável", afirmou o responsável.
Posição semelhante tem outro grupo hoteleiro da ilha, que reclama uma maior aposta do Turismo de Portugal na promoção da Madeira nos próximos meses.
"Se não corrigirmos a nossa imagem rapidamente, o futuro do sector está em risco", afirmou fonte da empresa.
Apesar disso, ainda são muitos os turistas que permanecem no Funchal depois de sábado. Hans Riedel costuma vir de Hamburgo todos os anos nesta época para a Madeira e vai continuar a vir, mesmo depois do susto de sábado.
"Tinha vindo na sexta à tarde e nunca vi uma coisa assim. Mas o povo da Madeira tem sido muito forte e isto está a ficar limpo outra vez", disse o reformado da função pública alemã, que escolheu a ilha para local de descanso sazonal no Inverno. "A cidade está a ficar arranjada muito depressa e podia ter sido muito pior", considera.
Já a turista norte-americana Martha Simmons chegou ao Funchal na segunda feira consciente da tragédia. "Eu até estava à espera de pior. Mas afinal, aqui no Funchal, só há problemas na Baixa", afirma a jovem que veio a Portugal como primeira escala de um passeio pela Europa, uma recompensa dada pela família depois da licenciatura em Botânica.
"Eu até podia ter ido directo para Madrid, que é para onde vou a seguir. Mas achei que precisava de vir cá, porque também é uma forma de ajudar a Madeira e ver o que se passa", explica.