Mãe e filha morrem num incêndio seguido de explosão na casa onde viviam em Vilarinho da Raia. Vizinhos da aldeia com 40 pessoas em choque.
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O dia desta terça-feira tinha começado há 20 minutos. Gina Gonçalves estava a ver televisão, em Vilarinho da Raia, concelho de Chaves, quando ouviu um estrondo. "Senti o que parecia ser uma explosão muito forte. Saí à rua e vi o clarão que devia ser proveniente de um incêndio. Chamei o meu marido que já estava a dormir, liguei para os bombeiros e dirigi-me para o local", contou, ao JN. Quando lá chegou viu "uma casa toda tomada pelas chamas". Mãe e filha não conseguiram sair a tempo e morreram.
Maria Vieira, de 97 anos, e a filha Maria Deolinda Vieira Guerra, de 57 anos, viviam sozinhas e não se terão apercebido do incêndio que terá originado o posterior rebentamento de uma botija de botija. As autoridades estão a investigar qual a sequência que deu origem à tragédia, mas na pequena aldeia, onde vivem 40 pessoas, acredita-se que o incêndio começou primeiro.
"Tendo em conta que encontrei a casa totalmente envolta em chamas e já sem telhado faz suspeitar que já estaria a arder há muito quando se deu a explosão", nota Gina Gonçalves, que, juntamente com o marido, foi a primeira a chegar ao local.
O estouro ouviu-se, até, nas aldeias vizinhas, mas ninguém a associou a uma botija de gás. Estariam três dentro da casa. José Torres é familiar das vítimas e contou, ao JN, que ouviu um barulho forte. "Mas faz-se barulho por tanta coisa que achei que era normal. Se fosse a ligar a tudo não dormia". A mulher ainda foi espreitar à volta de casa, mas não se apercebeu de nada de anormal". Todavia, demorou pouco até começarem a passar muitos carros e ambulâncias à sua porta. Foi então que achou que alguma coisa má teria acontecido.
"Choque muito grande"
A casa de rés do chão e primeiro andar, construída com muita madeira, ficou completamente destruída. Nada se aproveita. Quando os Bombeiros da Salvação Pública de Chaves chegaram já nada puderam fazer a não ser apagar o incêndio e, já em segurança, localizar e retirar os corpos das duas mulheres. Seguiram para o gabinete de Medicina Legal de Chaves para serem autopsiados. Pouco depois chegaram inspetores da Polícia Judiciária. Passaram lá o resto da madrugada e a manhã a investigar as circunstâncias em que ocorreu o incidente.
Fernando Santos, 64 anos, vive em Vilarinho da Raia e conhecia bem as duas mulheres. "Era uma pessoa muito ativa apesar dos seus 97 anos". Refere-se a Maria Vieira, que "ainda tinha autonomia para sair à rua, ir ao cemitério e fazer a sua vida. Tinha a cabecinha direita e ainda meia dúzia de anos pela frente. Era muito saudável", frisa.
Maria Deolinda era a mais nova de quatro irmãos (três mulheres e um homem). Este último vive habitualmente em França, mas tinha vindo passar uns dias de férias a Vilarinho da Raia para visitar a mãe e a irmã. As outras duas irmãs também vivem em França.
A meio da tarde de terça-feira, Gina ainda estava "sem dormir e sem comer". "Ver uma casa a arder, saber que estão duas pessoas lá dentro e não se pode fazer nada é horrível, um choque muito grande. Só quem passa por uma situação destas é que percebe".