Vêm de Travanca e de Lousada todos armados, com cetins das cores do arco-íris, os colossais andores - são perto de 15 metros de altura - que neste domingo, a partir das 17 horas, vão desfilar pelo centro da Trofa para honrar a Senhora das Dores, que dá nome à maior romaria do concelho.
Corpo do artigo
José Silva teve de reformar-se e o sobrinho, João, não pôde continuar, sozinho, a adornar padiolas da festa. Como a da Nossa Senhora das Dores adorada pelos trofenses, que enfeitavam com mais de duas centenas de metros de tecido e milhões de alfinetes.
Os dois eram já os únicos filhos da terra a fazer alguns dos 10 andores da procissão mas, agora, a empreitada está toda nas mãos de armadores de Travanca e de Lousada, também acostumados a preparar portentosas padiolas para as próprias festas - como a da Senhora da Aparecida, que desfila num andor de descomunais 22 metros.
Em 2019, já foram os irmãos Carvalho a arranjar o palanquim da Senhora das Dores e, este ano, a dupla de armadores da Travanca volta a repetir a façanha. "Trabalhamos à moda antiga", mostra Artur, a explicar que ele e o irmão Abel decoram o andor da festa do "mesmo modo" que a família Silva, da Funerária Trofense. Embrenhados em metros e metros de cetim, grinaldas e quilos de alfinetes, os irmãos de olhos azul intenso seguem os passos do progenitor, que chegou a armar andores da Trofa.
"Vou fazer 60 anos, e vinha para cá com o meu falecido pai desde os 10. Ele chegou a fazer cinco andores aqui. Já nasci nisto", atalha Artur, que vaticina o fim desta atividade. "É uma técnica que está em vias de extinção, porque os armadores estão acabados: os nossos filhos não querem isto para nada", lamenta. Mas, diante do andor da Senhora das Dores e dos outros dois que também arranjou - da Senhora da Assunção e de S. Sebastião - promete que vai continuar "enquanto puder".
Responsável há mais de meio século pelo andor da Senhora das Dores, Mário Silva continua à frente da comissão do Paranho, a aldeia que cuida deste palanquim - cada lugar de S. Martinho faz um -, mas "75 anos já são muitos para isto". O padre Luciano Lagoa acredita: "Enquanto houver algum bairrismo, isto faz-se".
AGENDA
Procissão
A procissão sai às 17 horas deste domingo da igreja matriz da Trofa e percorre as ruas do centro da cidade até à capela da Senhora das Dores.
Missa campal
Neste domingo, às 11 horas, na Concha Acústica, celebra-se uma missa campal em honra da Senhora das Dores.
Banda de Música
A Banda de Música da Trofa atua neste domingo nos coretos (às 9.30, 10.45, 21.30 e 0 horas). Na segunda-feira, atua às 9.30 e às 20 horas.