Os presidentes das quatro Juntas de Freguesia do centro histórico de Lisboa exigem à Câmara a transferência urgente para sua competência do licenciamento de ruído e defendem a proibição de venda de bebidas alcoólicas para a rua a partir das 24 horas.
Corpo do artigo
Miguel Coelho, presidente da Junta de Freguesia de Santa Maria Maior, foi o anfitrião de uma reunião, ao início da tarde desta quinta-feira, em que participaram ainda os seus homólogos Natalina Moura (São Vicente), Carla Madeira (Misericórdia) e Vasco Morgado (Santo António). Os três primeiros são do PS, enquanto o último é do PSD, mas, opções partidárias à parte, o objetivo do encontro foi definir estratégias de combate à crescente perda de residentes no centro histórico da capital.
Na reunião, os autarcas concordaram que a forma pouco controlada como tem crescido o turismo de alojamento local em Lisboa está a levar à perda de população e à descaracterização do núcleo histórico da cidade, abrindo portas, por outro lado, à especulação imobiliária. "Hoje em dia paga-se de renda mil euros por um T0 na Baixa, o mesmo que por um T4 em Alvalade", exemplifica Vasco Morgado, presidente da Junta de Santo António.
Os autarcas das quatro freguesias foram unânimes em considerar que há uma enorme pressão dos senhorios sobre os inquilinos e até das agências imobiliárias sobre os proprietários para libertarem as suas casas da Baixa, de forma a abrir novos hosteis e unidades de alojamento local, que apresentam maior rentabilidade.
Nesse sentido, os presidentes das quatro juntas acordaram pedir um estudo a uma entidade independente sobre o impacto do turismo no centro e bairros históricos da cidade.
Para garantir melhor qualidade de vida aos residentes, os autarcas concordaram ainda em pedir à Câmara de Lisboa "a transferência urgente" para as juntas das competências de licenciamento de ruído. Defendem ainda um reforço da vigilância noturna, sobretudo por parte da Polícia Municipal, e a proibição de venda de bebidas alcoólicas para a rua a partir das 24 horas.
"Esta reunião mostrou que os presidentes de junta estão dispostos a unir esforços para defender as suas populações, independentemente das opções políticas de cada um", sustentou Vasco Morgado.