<p>A Polícia Judiciária de Coimbra está a investigar a morte violenta de uma estudante, de 20 anos, que foi ontem, quarta-feira, retirada de um carro lançado à barragem de Fagilde, em Mangualde, com um saco plástico enfiado na cabeça.</p>
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Joana Fulgêncio apresentava ferimentos profundos na parte do corpo tapada com o plástico, presumivelmente provocados por um objecto cortante, e ficou esmagada, no lugar do passageiro de um veículo comercial Peugeot 309, na sequência de uma queda de dez metros até à barragem. O veículo ficou imobilizado, de rodas para o ar.
O alerta foi dado cerca das duas horas da madrugada pelo namorado, David S., também de 20 anos, quando se dirigiu a um bar das imediações da barragem a pedir socorro. Estava transtornado, descalço, vestia uma t-shirt e apresentava algumas escoriações. Queixava-se de ter sido obrigado a ingerir uma bebida estranha. Tinha no bolso 240 euros.
"O jovem fez a denúncia à GNR, por telefone, alegando que ele e a namorada tinham sido vítimas de roubo e sequestro. Uma patrulha de Mangualde deslocou-se de imediato ao local e chamou os bombeiros para que fosse conduzido ao centro de saúde", confirmou, ao JN, o major Paulo Fernandes, relações-públicas da GNR de Viseu.
"Estava desorientado"
"Estava desorientado e em estado de hipotermia quando o fomos buscar", lembrou Carlos Carvalho, comandante dos Bombeiros Voluntários de Mangualde.
No acesso ao estabelecimento onde se dirigiu a pedir ajuda, foi encontrado um blusão e detectados indícios de luta e violência.
Às seis horas, enquanto aguardava a chegada da PJ, a GNR de Mangualde localizou, na ravina que dá para a barragem do rio Dão, imobilizado num dos patamares, o Peugeot 309, propriedade do pai de David S. Às 7,10 horas, o rapaz dava entrada no Hospital de S. Teotónio (Viseu), tendo alta às 12.30 horas. Terá sido sujeito a exames no Instituto de Medicina Legal e ouvido pela PJ. Aluno do 1.º ano do curso de Comunicação Social e a residir no centro de Mangualde, David trabalha numa empresa de Viseu.
As autoridades estão a investigar o alegado sequestro dos namorados, sem descartar indícios que poderão configurar a prática de um crime de homicídio.
Os investigadores passaram toda a manhã de ontem à volta do veículo e do cadáver da estudante. A autorização para a remoção do corpo foi dada às 13.30 horas.
Familiares da rapariga, que ontem, às primeiras horas da manhã, se deslocaram à barragem para identificar a jovem de cabelos loiros e encaracolados que estava morta dentro do carro, contaram que o namorado tinha enviado na véspera, por volta das 19 horas, uma SMS à mãe de Joana a relatar que ela tinha sido sequestrada.
De acordo com a suposta mensagem, o casal preparava-se para ir jantar ao Palácio do Gelo, em Viseu, quando terá sido abordado por dois desconhecidos que levaram a estudante com eles e deixaram uma ameaça no ar: "Não sabes com quem te meteste".
A Câmara de Mangualde destacou uma psicóloga para prestar apoio à família da rapariga.
A Polícia Judiciária de Coimbra, que ontem interrogava a família e o namorado de Joana, deverá, durante o dia de hoje, divulgar um comunicado sobre o assunto.