Novo traçado proposto pela Câmara e negociado com Governo reduz custo de 202 milhões para 110 milhões de euros e terá estações no Cerco e no Lagarteiro.
Corpo do artigo
A nova linha de metro que está projetada para Gondomar, por proposta da Câmara no âmbito da segunda fase, liga o Largo do Souto, no centro do concelho, à estação do Estádio do Dragão. Custa 110 milhões de euros, apenas 55% do que seria gasto com a linha que estava inicialmente prevista entre a feira de S. Cosme e a estação de Campanhã, para se aproximar dos limites impostos pelo Governo. Inclui duas novas estações no Porto: Lagarteiro e Cerco.
O traçado proposto, a que o JN teve acesso, já terá, segundo a Câmara, a concordância do ministro do Ambiente, Matos Fernandes, e foi esta sexta-feira formalmente enviada ao Governo. Além disso, terá sido bem acolhida por Rui Moreira, presidente da Câmara do Porto com quem já reuniu para discutir a proposta e que preferirá esta solução à anterior por já não implicar a construção de um viaduto sobre a VCI na zona do Freixo, algo que causava grande impacto urbanístico, e sobretudo por servir zonas populosas de Campanhã com duas estações. A linha passa agora junto às Areias, zona de fronteira entre os dois concelhos, aproveitando uma nova via rodoviária que estava já projetada, entre Campanhã e Valbom. E permite fazer a ligação ao resto da rede.
A solução avançada ao JN é maioritariamente à superfície. Em Gondomar, a linha só é enterrada entre a zona da Lagoa e o Hospital Fernando Pessoa, para cruzar o centro de Valbom. E no Porto segue em túnel do Dragão à Alameda de Cartes. A proposta da Câmara de Gondomar está sustentada em estudos técnicos e de viabilidade de Álvaro Costa, professor da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto.
O novo traçado tem cerca de 6,8 quilómetros, mais 1,1 do que o anterior. Em termos de captação de residentes e postos de trabalho, num raio de 500 metros, a nova solução representa um aumento de 55,83% face à linha anterior. E há um aumento de tempo de percurso entre dois e três minutos (ler mais informação na ficha).
Ligação a linhas do alto concelho
Em Gondomar, a nova linha aumenta de cinco para seis as estações, servindo mais população, desde logo do centro da cidade, quando a anterior, cujo projeto remonta a 2008, passava em zonas não residenciais, entre Fonte Pedrinha e Campanhã, no Freixo, com reduzida procura comercial. A linha Dragão-Souto tem agora estações em Gondomar na zona da Lagoa, no centro de Valbom, no Hospital Fernando Pessoa, na Câmara e em S. Cosme (edifício Mafavis), terminando no Largo do Souto, interface rodoviário que liga os autocarros da Gondomarense a todas as freguesias do alto concelho (Jovim, Foz do Sousa, Covelo, Medas e Melres), permitindo um transbordo direto.
O traçado que a Câmara deixou cair tinha só uma estação no Porto, precisamente no Freixo. Além disso, no projeto anterior não havia ligação comercial em Campanhã, ou seja ao tronco comum da rede, mas apenas uma via técnica obrigando os passageiros a mudar de linha e de metro.
A nova linha de Gondomar, a segunda depois da linha F (laranja) de Fânzeres, foi desenhada para ir ao encontro dos obstáculos orçamentais do Governo. O anterior desenho custava 202 milhões, pelo que o Governo deixou claro que não teria dinheiro para avançar com a obra, uma vez que o bolo para o metro do Grande Porto é de 275 milhões, incluindo a futura ligação da Invicta entre S. Bento e Casa da Música (linha do Campo Alegre) e a nova linha de Gaia (Santo Ovídio-Vila d"Este).
Confrontado com o valor que o Governo tem disponível, o presidente da Câmara de Gondomar, Marco Martins, procurou desenhar uma solução mais barata, de que resultou a nova proposta que garante ser "mais benéfica para Gondomar". O Governo, explicou o autarca ao JN, "admitiu à Câmara avançar com um valor aproximado de 100 milhões para a linha de Gondomar".
Obras em 2019
A expectativa de Marco Martins é a de que a linha Dragão-Souto "faça parte do anúncio da decisão da expansão" da rede que António Costa prometeu ainda para este mês, juntamente com as novas ligações do Porto e de Gaia.
Reclamando a concretização desta obra, que se iniciaria em 2019, diz que se trata de "corrigir uma injustiça". E nota que "é a única sede do concelho da primeira coroa do Porto sem metro no centro e que ficou afastada da primeira fase". Além disso, o presidente da Câmara explica que a sua proposta "representa uma revolução urbana no centro" do concelho, "colocando o metro a circular junto aos passeios e aos estabelecimentos, e junto às pessoas", tal como já acontece, por exemplo, na Rua de Brito Capelo, em Matosinhos. Mantém o objetivo de, numa terceira fase, ligar Fânzeres a esta linha pela Avenida da Conduta.