Seniores com problemas de saúde criticam ter de ficar de pé "várias horas" e pedem cadeiras para se sentarem.
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Mário Alves, 67 anos, está há duas horas à espera para ser atendido e ainda tem 37 pessoas à frente, no posto de atendimento da estação do metro do Campo Grande. "Fiz uma rotura de ligamentos e não posso estar tanto tempo de pé. Conheço reformados, que têm direito ao passe gratuito, que não vêm tirá-lo para não estarem à espera. Os estudantes também engrossam a fila", lamenta o sénior, que vai aderir ao título gratuito para moradores de Lisboa com mais de 65 anos. "Podiam ter cadeiras, devia estar sentado", diz ainda.
Os passes gratuitos propostos por Moedas abrangem também os alunos universitários até aos 23 anos (ou 24, se estudarem medicina ou arquitetura), o que tem levado milhares de pessoas, além das que já iam por outros motivos, aos postos de atendimento do Marquês de Pombal e do Campo Grande.
Na estação de metro do Marquês de Pombal, Fernando Ferreira está sentado no chão à espera da sua vez. "Fui operado à perna e tenho de estar aqui porque nem há bancos. Ontem estive uma hora e meia à espera para tirar o passe e hoje vai ser o mesmo para o levantar", lamenta.
"Devagarinho"
Para evitar os tempos de espera em pé, Carlos Trabulo, 65 anos, instalou uma aplicação no telemóvel através da qual acompanha as senhas. "Há uma semana vim de manhã e quando vi que estava quase na minha vez, pelas 16 horas, voltei", conta o lisboeta, que regressou agora para levantar o passe. Ainda assim não deixa de fazer críticas. "Temos sempre de tirar a senha aqui, não dá pelo telemóvel. Estamos a evoluir, mas muito devagarinho. Precisamos de prejudicar o nosso trabalho para passar um dia num serviço, não faz sentido".
Aos estudantes e idosos, juntam-se vários imigrantes acabados de chegar a Portugal. Letícia Caroline, 27 anos, estudante brasileira, está cá há uma semana. "A primeira vez que vim estive três horas à espera e no momento do pagamento não aceitavam cartão multibanco por telemóvel e tive de voltar", lamenta, criticando ainda "os problemas logísticos" como "só haver duas pessoas a atender tanta gente".