Maria, de 41 anos, e a filha de oito morreram juntas nos escombros de uma habitação pré-fabricada pertencente à Casa Santa Isabel, em S. Romão, Seia, que foi consumida por um incêndio na madrugada de hoje, domingo. A vítima deixa ainda dois órfãos.
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Mãe e filha, de 41 e de oito anos, não conseguiram escapar às chamas que deflagraram numa residência da Casa Santa Isabel, instituição terapêutica para crianças, adolescentes e adultos com necessidades especiais. De acordo com o comandante dos bombeiros Voluntários de São Romão, Serafim Barata, "os bombeiros foram alertados por volta da 1.30 horas da manhã para a ocorrência de um incêndio florestal em S. Romão".
Foram mobilizados imediatamente os meios adequados àquela circunstância, que resultaria, depois, na presença de 56 homens, de seis corporações, impotentes, todavia, para evitar que as chamas devorassem por completo a estrutura pré-fabricada, de madeira, onde se alojavam as vítimas e mais oito pessoas. "Desde a fase de detecção até à própria fase de alerta, foi tudo consumido muito rapidamente", assegura o operacional de Seia.
Quando ainda seguiam para o local, já Barata e seus homens sabiam do que se tratava. E temiam uma tragédia ainda maior. Na casa estavam dez pessoas - dois adultos (as monitoras), e oito crianças (cinco delas com deficiências) em regime de internato, sendo que três eram filhas da mulher que faleceu, de nome Maria e origem latino-americana. "No segundo telefonema, disseram-nos que haveria oito desaparecidos entre os escombros", recorda Barata.
Lá chegados, já eram só dois. Encontraram-nos, após duas horas de buscas entre os escombros fumegantes - mãe e filha juntas, carbonizadas e jazendo perto de uma escada a que não chegaram. "A senhora tentou salvar a filha e ficou lá também. Já tinham retirado as crianças todas da casa quando ela se apercebeu de que a filha deficiente não estava. Não terá conseguido acordar", cogita o comandante Barata.
E, precipitando-se para as águas furtadas, onde estaria a filha a dormir, já com ela nos braços Maria não lograria alcançar de novo a escadaria que as poderia ter salvo. "Deve ter ruído tudo nessa altura", lamenta Barata. "Ficaram lá as duas, juntas".
Sozinhas ficaram também as outras duas filhas de Maria, crianças normais que pernoitavam por ali com a família restante, pois que já haviam ficado órfãs de pai há pouco mais de um ano, vítima de doença prolongada.
Embora fontes no local tenham adiantado a possibilidade de a origem do fogo se dever a um curto-circuito na casa, apenas as investigações da Polícia Judiciária, que tomou conta da ocorrência, poderão chegar a alguma conclusão avalizada.