<p>São mais de dois mil os operários que em apenas três concelhos de Aveiro têm os postos de trabalho em risco. Administrações das empresas recorrem ao lay-off e aos despedimentos. Sindicatos falam em aproveitamento da crise.</p>
Corpo do artigo
Cerca de 170 trabalhadores da Fundição Oliva, em S. João da Madeira, vão entrar em lay-off no próximo mês de Maio, altura em que está anunciada a paragem da produção. Esta empresa, que emprega actualmente 200 trabalhadores, comunicou, na passada sexta-feira, à Comissão de Trabalhadores, a intenção de recorrer a este regime de excepção durante meio ano. Segundo o sindicato o recurso ao lay-off é justificado com a falta de encomendas. Os trabalhadores ainda não receberam os subsídios de Natal nem o bónus de desempenho relativo a 2008.
Também em S. João da Madeira 422 trabalhadores do sector químico da empresa de componentes para automóvel, Faurecia, encontram-se em lay-off desde o passado dia 1 de Abril. Situação que se irá manter até Setembro.
Esta empresa que emprega 2700 trabalhadores em Portugal tem colocado, periodicamente, trabalhadores de outras secções em casa alegando falta de trabalho. Nestes casos, o ordenado não sofre qualquer penalização ficando o tempo em falta no designado banco de horas. Alguns turnos nocturnos foram reduzidos ou simplesmente suprimidos. O recurso ao lay-off está justificado com uma quebra acentuada nas encomendas.
A quebra no volume das encomendas foi também a justificação apresentada, na passada semana, pela empresa de ferragens, Cifial, de Rio Meão, Santa Maria da Feira, para o recurso ao lay-off parcial que vai atingir 190 dos 370 trabalhadores, durante três meses.
A administração fez saber que não vai efectuar qualquer despedimento e que os ordenados estão garantidos na totalidade. "Foi a solução encontrada para preservar os postos de trabalho" justificou a Cifial em comunicado.
Na freguesia de S. João de Ovar, Ovar, cerca de 140 funcionários da empresa de calçado Arauto paralisaram a produção, durante o dia de ontem, como forma de protesto pelo não pagamento atempado dos salários. Estes trabalhadores ainda não receberam metade do subsídio de Natal e está por pagar metade do salário de Março.
A coordenadora do Sindicato dos Trabalhadores do Calçado de Aveiro e Coimbra, Fernanda Moreira, afirma que há suspeitas de que estejam a ser deslocadas máquinas para outra empresa em S. João da Madeira, com vista ao encerramento da unidade de S. João de Ovar. "Suspeitamos que em breve a empresa possa apresentar um pedido de insolvência". "Vamos estar atentos", garante.
Ainda em Ovar, a produção da Salvador Caetano voltou a parar, no dia de ontem, e vai manter-se inactiva até à próxima quinta-feira. As paragens nesta empresa, que tem cerca de 300 trabalhadores em regime de lay-off, são igualmente justificadas com as quebras de encomendas. A empresa vai paralisar mais dez dias em Maio e quatro em Junho.
O concelho de Ovar enfrenta, ainda, o despedimento colectivo já efectuado de 74 trabalhadores do Grupo Lusotufo, empresa do sector dos pavimentos têxteis, e o lay-off da Yazaki Saltano que abrange 791 trabalhadores. Neste último caso, a empresa justifica quebra no volume de negócios de 50 a 80%.