Mais de 40 habitantes passam a noite confinados na Ermida por causa do fogo
Quarenta e três habitantes da Ermida, em Ponte da Barca, vão passar esta noite confinados na própria aldeia, à espera que o fogo que lhes ronda a porta se afaste. Dezenas de operacionais estão posicionados para barrar as chamas caso estas se aproximem do aglomerado.
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Ao redor, o incêndio que deflagrou em Parada, Lindoso, no sábado, perto das 22 horas, e que já vai na terceira noite a lavrar sem dar tréguas, continuava a avançar, com uma frente ativa.
Num balanço feito cerca das 23 horas, o Comandante Sub-regional de Emergência e Proteção Civil do Ave, Rui Costa, que rendeu o Comandante do Alto Minho, Marco Domingues, informou ao JN que estavam envolvidos nas operações "382 operacionais, apoiados por 121 veículos" de corporações de vários pontos do país. Estes estavam "a ser reposicionados de acordo com a estratégia definida para o período noturno". "Os meios estão empenhados na expectativa de conseguirmos fazer aqui durante a noite um bom trabalho para manobras de consolidação deste incêndio", disse.
Na Ermida, o confinamento previa numa fase inicial em que os habitantes, a grande maioria idosos, recolhessem na capela da aldeia, mas o ponto de aglomeração passou para o espaço do museu ali existente. "Foi-lhes dada a possibilidade de, querendo, passarem a noite num local mais resguardado, onde possam dormir e descansar, disponibilizado pelo Serviço Municipal de Proteção Civil de Ponte da Barca ou de permanecer, com todas as condições de fornecimento de alimentação e água", explicou o Comandante Rui Costa, indicando que estão referenciados "46 habitantes, sendo que três estão fora".
Descartando a essa hora a possibilidade de evacuação da aldeia, aquele responsável afirmou que "o fogo está às portas da Ermida", mas existem "as condições de segurança garantidas para manter as pessoas naquele local de confinamento". "Temos várias brigadas, entre 60 a 90 operacionais, que vão manter-se lá", acrescentou.
O presidente da câmara de Ponte da Barca, Augusto Marinho, mantinha-se, na noite de segunda-feira, apreensivo quanto ao evoluir da situação. "Este fogo requer muita atenção, mesmo quando pensamos que está dominado. Por duas vezes, pensávamos que estava dominado, quando de um momento para o outro, literalmente, fomos surpreendidos por um reacendimento muito violento", declarou, explicando que "tem estado muito vento e tem sido um cenário muito mau".
"Estavamos com muita preocupação com a aldeia da Ermida, mas também surgiu mais recentemente a aldeia de Mosteiró, que pertence à freguesia de Britelo, com a frente a aproximar-se de habitações. Os bombeiros acautelaram a proteção de pessoas e habitações", descreveu o autarca, considerando que, entretanto, no que se refere à Ermida, toda a população optou por ali permanecer.
"As pessoas tem um apego muito grande à casa, à propriedade e julgam que conseguem ajudar a proteger a sua habitação estando no local. É natural essa resistência", comentou, realçando que, noite dentro, a situação se mostra "mais favorável na medida em que não há tanto fumo. Ao final da tarde era impossível circular nas ruas da aldeia, porque o fumo era mesmo muito intenso".