"Estamos à espera do fogo". Incerteza na zona mais problemática do incêndio em Arouca
"Estamos à espera do fogo. Os bombeiros estão posicionados juntos das casas, vamos ver como corre", conta, esta manhã ao JN, o presidente da União de freguesias de Canela e Espiunca, em Arouca, uma das zonas mais complicadas do incêndio que lavra na região e que já chegou a Castelo de Paiva.
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Hermenegildo Moreira diz que aquele é, agora, o lugar mais problemático, estando a viver-se um momento de "incerteza" quanto à evolução do fogo. Contudo, o autarca diz esperar que "o pior já tenha passado". "Neste momento temos os meios no terreno e não há população em perigo", garante.
Tudo dependerá da força e direção do vento. "Estamos à espera, porque o fogo pode subir". Moreira diz que, na sua freguesia, houve "uma ou duas casas" atingidas parcialmente pelas chamas, mas sem prejuízos de monta.
O incêndio que começou em Arouca está já em Castelo de Paiva. Neste concelho, a situação que mais preocupa as autoridades é a aldeia de Fornos de Carvão, freguesia de Fornos.
Perto de 600 operacionais estão envolvidos no combate ao fogo nos concelhos de Arouca e Castelo de Paiva, apoiados por dezenas de viaturas e meios aéreos, numa operação que continua a ser dificultada pelas altas temperaturas e vento irregular. As autoridades mantêm-se vigilantes e apelam à população para seguir as indicações da Proteção Civil.
Castelo de Paiva tem aldeias em risco
O fogo "iniciou-se em Arouca e entretanto no final da tarde de ontem [segunda-feira] entrou no concelho de Castelo de Paiva, e encontra-se a lavrar com grande intensidade", disse à Lusa o presidente da Câmara de Castelo de Paiva, José Rocha.
Pelas 10.30 horas, o autarca referiu que as chamas estavam a avançar em direção a aldeias, colocando em risco algumas casas, nomeadamente no lugar do Gilde, onde o mesmo se encontrava.
"Tenho um lugar que está isolado. Os bombeiros não têm acesso ao lugar do Seixo. Neste momento, estou no lugar do Gilde onde o fogo também poderá chegar daqui a poucos momentos. Estamos aqui com a população para tentar minimizar e salvaguardar bens e pessoas", disse o autarca.
José Rocha referiu que já foi necessário evacuar algumas aldeias, nomeadamente Vilar de Eirigo e o Seixo, adiantando que, para já, não tem conhecimento de casas atingidas, nem vítimas, tendo ardido parcialmente uma fábrica.
"Houve uma unidade industrial que ardeu parcialmente. Ardeu a parte de armazenagem de vernizes e a casa de pintura. Para já é o que temos registado ao nível de perdas materiais, mas com a intensidade que o fogo tem esperemos que fique por aqui", referiu.
O autarca adiantou ainda que os meios aéreos não puderam atuar logo ao início da manhã devido à intensidade do fumo.
"Logo ao início da manhã, devido à intensidade do fumo, não havia a visibilidade suficiente para poderem trabalhar, mas neste momento já se nota que existem meios aéreos no concelho", disse.
Plano de emergência
A Câmara de Arouca ativou, de madrugada, o Plano Municipal de Emergência e Proteção Civil na sequência do incêndio que lavra naquele concelho do distrito de Aveiro desde segunda-feira. "Atendendo à acelerada progressão dos incêndios atualmente ativos nas freguesias de Alvarenga e de Canelas/Espiunca deste concelho, bem como à persistência das temperaturas extremas até 30 de julho previsivelmente, a presidente da Câmara Municipal, Margarida Belém, decidiu ativar o Plano Municipal de Emergência e Proteção Civil às 4.40 horas de hoje, 29 de julho", refere uma nota publicada na página do município na rede social Facebook.
A decisão foi tomada após uma auscultação por parte da autarca ao coordenador municipal de proteção civil de Arouca e aos responsáveis locais dos bombeiros e da GNR. Na sequência desta decisão, foi decidido acionar o Centro de Coordenação Operacional Municipal que funcionará em permanência na Junta de Freguesia de Canelas e Espiunca, permitindo centralizar e tratar a informação operacional relevante para a gestão do plano.
Os serviços municipais e todos os trabalhadores municipais passam também a estar mobilizados, sem qualquer reserva, para todas as ações inerentes à Proteção Civil, sob a coordenação deste Centro.