Dezenas de pessoas manifestaram-se, esta terça-feira à noite, junto ao edifício da Câmara do Porto, antes da Assembleia Municipal, para exigir uma "solução permanente" por parte da autarquia para os 15 moradores do prédio que ruiu na Rua de 31 de Janeiro, na semana passada.
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Entre os vários manifestantes, encontravam-se, pelo menos, quatro dos 15 moradores que ficaram desalojados na sequência da derrocada do prédio na Rua de 31 de Janeiro.
Alexandre Viana, da organização Habitação Hoje, esclareceu que a manifestação visava "exigir uma responsabilidade" que consideram ser da autarquia. "Dar uma resposta duradoura aos moradores", explicou.
"Para além disso, os moradores têm outro tipo de exigências, querem reaver os bens que perderam, aqueles que não podem reaver pedem a compensação pelas perdas, isto através do apuramento da responsabilidade legal do acidente", referiu.
Acusando a Câmara do Porto de ter "mentido desde sexta-feira", Alexandre Viana afirmou que dos 15 moradores, nove estão alojados no Seminário do Bom Pastor, em Ermesinde, e que seis "arranjaram soluções através da rede de apoio e relação que mantêm com os seus patrões", negando, assim, as afirmações do presidente da Câmara do Porto, de que seis moradores tinham desistido do processo de acompanhamento.
"A solução que se arranjou no Seminário do Bom Pastor, em Ermesinde, foi através do contacto direto com a Diocese do Porto e não serve a seis dessas pessoas pelo simples facto de trabalharem para além da meia-noite e o seminário fechar portas a essa hora. O seminário não as pode receber", afirmou.
Alexandre Viana referiu ainda que o morador que, fruto do acidente, teve de ser hospitalizado, "saiu do hospital durante a madrugada descalço para a rua porque não foi sinalizado".
Questionado sobre as três pessoas que estão a ser acompanhadas pela Câmara do Porto, afirmou que a "responsabilidade por dar uma solução mais duradoura é da Câmara do Porto através do Serviço de Atendimento e Acompanhamento Social (SAAS)".
"Não entendo o que quer dizer quanto a Câmara do Porto ser apenas responsável pela solução de três pessoas. A Câmara do Porto acaba por ser responsável por dar uma solução às 15 pessoas, que foram desalojadas por este acidente e é isso que estamos aqui a exigir", acrescentou.
Rui Moreira promete resolver três casos
Esta terça-feira, em declarações à agência Lusa, o presidente da autarquia, Rui Moreira, adiantou que dos 15 desalojados, três estão sob a responsabilidade da Câmara do Porto.
"Há três que, de facto, se apresentaram hoje, foram encaminhados para o nosso SAAS [Serviço de Atendimento e Acompanhamento Social], da Câmara Municipal do Porto, e julgo que ainda estão em reunião. E esses três são da nossa competência, e nós naturalmente vamos resolver o problema", disse Rui Moreira.
O presidente da Câmara do Porto confirmou, assim, que os serviços da autarquia apenas esta terça-feira receberam contactos oficiais por parte da Segurança Social, ao contrário do que tinha acontecido até segunda-feira.
Segundo Rui Moreira, do total de 15 pessoas que requereram alojamento na sequência do acidente, "todas são situações diferentes".
"Há seis pessoas que desistiram do processo de acompanhamento, seja porque têm familiares ou por outra razão qualquer dizem que não querem qualquer tipo de encaminhamento", explicou.
Segundo Rui Moreira, sobram nove que foram acolhidas no Seminário do Bom Pastor, e "dessas nove há três que estão a ser acompanhados pelo SAAS de Gaia" e "três que estão em situação de ilegalidade e são acompanhados pela estrutura apropriada".
"O resto, aquilo a que nós temos assistido é a uma tentativa de aproveitamento por parte de um grupo de ativistas ligados ao Bloco de Esquerda, e alguma tentativa de condicionar aquilo que é o normal funcionamento dos nossos serviços", bem como da Segurança Social e outras entidades, considerou o autarca.
Rui Moreira disse ainda que a associação Habitação Hoje quis "participar na reunião [com os desalojados], só que não tem representatividade" para o fazer, uma vez que "se trata de assuntos confidenciais que têm de ser tratados em entrevistas com os próprios".
Gaia vai acompanhar outros três desalojados
Em resposta à agência Lusa, a Câmara de Gaia confirmou, esta terça-feira, que foi notificada pela Linha Nacional de Emergência Social (LNES) para fazer o acompanhamento de três dos 15 desalojados e que só a partir de quinta-feira é que os mesmos passariam a ser acompanhados pelos serviços municipais.