Viúva com três filhos, de Matosinhos, vive situação desesperada. Marido morreu em janeiro com covid-19.
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Agostinho era "o melhor amigo, o companheiro de toda a vida" de Andreia. Tinha 48 anos, era saudável, mas morreu em janeiro com covid-19, deixando três filhos, de 10, 14 e 20 anos. A vida da mulher, de 41 anos, ficou "sem chão". Nos dias que passa a chorar, porque ainda não conseguiu fazer o luto, Andreia tenta encontrar uma solução para morar com os filhos, uma vez que sozinha não consegue pagar a renda atual de 600 euros.
"A covid-19 era uma coisa que dava na televisão e todos tínhamos muito cuidado. Então o Agostinho [operário da construção civil] não facilitava, sempre de máscara. De repente, de forma abrupta, estava na nossa casa", contou Andreia, ainda incrédula como a vida deu uma volta de 180 graus.
Todos ficaram infetados. Agostinho foi o caso mais grave. "Num dia o meu marido testou positivo e no dia a seguir estava a ser levado pelo INEM para o hospital com insuficiência respiratória", recordou. Agostinho morreu a 22 de janeiro.
Desde então, Andreia vê-se "sozinha", com um salário de 760 euros (com o subsídio de Natal e de férias pagos em duodécimos) a tentar multiplicar-se para que nada falte aos três filhos. Mas as contas são "difíceis": "Ou pago a renda (600 euros) ou coloco comida em casa". No mês passado, a família recebeu a ajuda de um grupo de amigos que lhe pagou a renda. Mas Andreia tem consciência de que os apoios "vão começar a escassear". E, no fundo, só quer ter acesso "a uma casa que possa pagar". De preferência em S. Mamede Infesta, Matosinhos, para os filhos "não serem obrigados a mudar de escola".
Renda era de 770 euros
Andreia diz ter recorrido à empresa municipal Matosinhos Habit para tentar uma ajuda no pagamento da renda. Mas esse apoio foi-lhe negado, "por 25 euros". Para obter apoio municipal, a renda de um T2 não pode ser mais de 575 euros, explicou.
Concorreu ainda a um T3 do programa Casa Acessível, mas como a declaração de IRS apresentada foi a de 2019, o cálculo foi feito ainda com o ordenado do marido. Assim, teria de pagar 770 euros mensais, referiu.
Quem quiser ajudar pode fazer um donativo para a conta com o NIB 0035 0755 0000 6962 2007 5.
O que diz a Câmara
Renda muito alta
Questionada pelo JN, a Câmara de Matosinhos explicou que o pedido de Andreia ao Programa de Apoio ao Arrendamento foi "indeferido", por "o valor da renda ultrapassar o definido para o ano em curso".
Habitação social
A Autarquia acrescentou que a munícipe pode apresentar um pedido de habitação social. Mas alerta desde já que não é de esperar uma resposta positiva a curto prazo, uma vez que já há 1100 famílias em lista de espera.