A Metro do Porto lançou, esta sexta-feira, os concursos para os anteprojetos de quatro novos traçados: Gondomar, Trofa, Matosinhos e Maia. As duas primeiras ligações têm já financiamento garantido. O processo, a decorrer como o esperado, poderá estar concluído em 2030, num investimento total de mil milhões de euros.
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Para o presidente da Câmara de Gondomar, Marco Martins, esta sexta-feira é "um dia feliz". Tanto para o próprio concelho, cujo centro passará a ser servido pelo metro, como para a Área Metropolitana do Porto. A satisfação do autarca deve-se ao lançamento dos concursos públicos internacionais para o desenvolvimento dos anteprojetos e estudos de impacto ambiental de quatro novos traçados de metro. A cerimónia decorreu nesta manhã de sexta-feira no Auditório Municipal de Gondomar e contou com a presença do ministro do Ambiente, Duarte Cordeiro, e do primeiro-ministro, António Costa.
O investimento total, que inclui os estudos agora a concurso, os projetos e a construção propriamente dita das quatro ligações, ascende a um total de mil milhões de euros, avançaram os governantes. Também vários autarcas marcaram presença na cerimónia desta sexta-feira: Luísa Salgueiro (Matosinhos), António Silva Tiago (Maia), Sérgio Humberto (Trofa), Rui Moreira (Porto) e Eduardo Vítor Rodrigues (Gaia). Este último, também enquanto presidente do Conselho Metropolitano do Porto.
Nas palavras de Marco Martins, a segunda linha de Gondomar entre o Estádio do Dragão e Souto, "serve melhor" aquele concelho, mas também a zona oriental da cidade do Porto, já que nela estão contempladas estações em São Roque, no Cerco e no Lagarteiro. Esse traçado, intitulado pelo autarca de "linha dourada", terá uma extensão total de 6,9 quilómetros e oito estações. A operação poderá arrancar, de acordo com o presidente do Conselho de Administração da Metro do Porto, Tiago Braga, em 2029.
Outro traçado que será integralmente construído em metro ligeiro (apesar de ainda não estar garantido o seu financiamento) será o de Matosinhos, entre o Estádio do Mar e o Instituto Português de Oncologia (IPO), no Porto, com 6,55 quilómetros de extensão e oito estações.
Ligação na Maia poderá ser feita por metro ou metrobus
Esta solução não será, contudo, a escolhida para a criação da ligação da Maia à Trofa, há muito reivindicada pela população. Entre a estação do ISMAI e do Muro, prevê-se uma extensão da linha de metro existente. Até à Paradela, no entanto, a operação será garantida por um serviço de metrobus. Quanto à segunda linha da Maia, entre Roberto Frias e a estação Os Verdes, a decisão não está sequer fechada.
"A grande incógnita neste momento é saber a solução para a Maia II. Vamos estudar as duas possibilidades [metro ligeiro e metrobus] e isso depois determinará qual será o modelo, sendo que pode ser escalável. É essa a grande vantagem do metrobus", clarificou Tiago Braga. Todos estes traçados foram já alvo de estudos de procura, mas o presidente do Conselho de Administração da Metro do Porto nota que é tempo, agora, de "compatibilizar" esses resultados "com aquilo que é a infraestrutura".
De acordo com Tiago Braga, o cronograma está traçado: "a linha da Trofa estar concluída em 2028 e, no início de 2029, a de Gondomar". "Temos a capacidade para no final da década, termos também já em construção com a linha de S. Mamede de Infesta [Matosinhos] e a segunda linha da Maia", clarificou.
Recorde-se que as ligações de Gondomar e da Trofa têm já financiamento garantido. Quanto às restantes duas, Tiago Braga não avançou eventuais soluções que poderão estar em cima da mesa: "O que interessa é conseguir financiamento". "Temos mesmo potencial para atingir as 150 milhões de validações até 2030", adiantou.
"Mãos à obra porque o tempo urge"
Aquando da sua intervenção, que se seguiu à de Tiago Braga, o ministro do Ambiente, Duarte Cordeiro, aproveitou a oportunidade para dizer que o lançamento do concurso para estas quatro novas linhas do metro do Porto é a forma de "responder" a quem pede uma ação climática mais rápida, numa alusão ao que têm sido os últimos protestos de jovens ativistas.
Por sua vez, o primeiro-ministro, António Costa, realçou não existir "uma varinha mágica" para que os projetos possam estar concluídos num curto espaço de tempo, relembrando que os prazos para a concretização destas obras são longos: entre seis e sete anos. Disso mesmo quis relembrar, ao afirmar que, em 2017, esteve no Porto para lançar os estudos prévios e de impacto ambiental para o prolongamento da Linha Amarela, entre as estações de Santo Ovídio e Vila d'Este, em Gaia, e para a construção da Linha Rosa, entre a Casa da Música e S. Bento, no Porto.
"Seis anos volvidos", contabilizou o primeiro-ministro, as obras, de que tanto o presidente da Câmara do Porto, Rui Moreira, se tem queixado, sublinhou António Costa, "começam a terminar" no próximo ano. Estes novos traçados são "quatro grandes investimentos", insistiu o primeiro-ministro, adiantando que o investimento total ultrapassará os mil milhões de euros.
A cerimónia desta manhã, notou, "é da maior importância", já que é "começar o que daqui a seis ou sete anos" estará concluído. Mas acompanhando, de igual modo, o discurso de Duarte Cordeiro, que reconheceu ser necessário acelerar em direção à "descarbonização da mobilidade", António Costa apelou: "Mãos à obra porque o tempo urge".