Um minitornado deixou um rasto de destruição, ontem, na Batalha, e provocou prejuízos um pouco por todo o país. Foi um dia de muita chuva, vento e neve. O mar esteve de tal maneira agitado que quase tirou a vida a um homem, no Porto.
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São milhares de euros de prejuízos, garante o presidente da Câmara da Batalha, e mais de três dezenas de casas afectadas. António Lucas diz que o "minitornado" sentido por volta das 6 horas, "varreu" o vale entre as localidades de Brancas e Celas.
A força do vento foi de tal ordem que um portão de metal "voou" mais de 300 metros, uma caleira de uma habitação foi parar a um ribeiro, centenas de telhas voaram, estufas ficaram danificadas e muitas árvores foram quebradas. Alguns postes da EDP e da PT tombaram, provocando cortes de energia eléctrica e de telefones.
Segundo o autarca "os próprios moradores começaram de imediato a arranjar as casas", uma vez que "alguns deles estão ligados à construção civil". António Lucas refere a existência de duas situações que poderão vir a necessitar de apoio social da autarquia, que ao longo desta semana fará uma avaliação das situações.
"Acordei com um trovão e depois ouvi um estrondo". Luísa Soares nem quer acreditar no que vê. A sua vivenda construída há 12 anos, na Cela, sofreu danos "enormes". Algumas telhas voaram, a marquise ficou torcida e os vidros partidos, e a caleira voou vários metros. "Foi um susto valente", admite, recordando ter pensado que a sua casa "estava a voar".
A ajuda de familiares permitiu a colocação de telhas que, segundo Luísa, "terão de ser substituídas quando parar de chover".
José Pinheiro, 74 anos, olha desolado para o telheiro onde guardava as cebolas, alhos e alfaias agrícolas. "O vento levou as telhas e agora vou ter de mandar arranjar", conta o idoso ao recordar o tornado, ocorrido na região, na década de 40. "Aí é que foi, até as pessoas voaram", diz.
Fonte do Instituto de Meteorologia não confirma a existência de um minitornado na região, mas admite que as ocorrências de vento forte, chuva e trovoada possam ter provocado o fenómeno. Segundo a fonte, o dia de hoje vai manter-se mais calmo, apesar do vento, que "não será tão forte" como o de ontem. A "instabilidade vai regressar na terça-feira", com chuva e vento e subida da temperatura, adiantou.
O mau tempo originou ainda a queda de árvores nos distritos de Portalegre, Leiria e Setúbal. Em Santarém, o antigo pavilhão da Feira da Agricultura foi vedado depois de ter sido descoberta uma fissura numa das paredes. Técnicos da Câmara garantem não haver perigo de derrocada.
No mar também houve tempestade. Um golfinho adulto deu à costa na praia do Norte, na Nazaré. Segundo o médico veterinário Salvador Mascarenhas "deve padecer do chamado síndroma de arrojamento". O golfinho foi socorrido por uma equipa de biólogos e de veterinários e caso não apresentasse problemas, seria devolvido ao mar.
Na A1, uma forte queda de granizo provocou dois despistes ao início da tarde no quilómetro 181, sentido Norte-Sul, próximo do nó de Condeixa. Não houve feridos nem interrupção do trânsito.