O Planalto Mirandês, nomeadamente o concelho de Miranda do Douro, registou, num ano, 32 ataques de lobos, segundo os dados facultados pelo Instituto de Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF).
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Este ano, foram comunicados a este organismo estatal 10 casos de ataques atribuídos a lobos, com registo de prejuízos, e 22 durante o ano de 2024.
Em pouco mais de duas semanas, no concelho de Miranda do Douro, foram reportados três ataques, um ocorrido na madrugada do passado sábado, em Genísio, que resultou em 10 ovelhas mortas e 11 feridas, segundo adiantou ao JN Patrícia Antão, filha do proprietário do rebanho, que tinha cerca de meia centena de animais.
Os pastores atribuem os ataques aos lobos que se aproximam das aldeias. "O ataque ocorreu no curral vedado junto à casa dos meus pais, a cerca de 200 metros, que é na aldeia de Genísio. Os lobos estão a aproximar-se muito das povoações e isso é muito preocupante. Cada vez se aproximam mais das aldeias, pois estas estão muito despovoadas", deu conta Patrícia Antão. "A casa dos meus pais não é no meio da aldeia, mas é dentro do seu perímetro e os lobos não tiveram medo", acrescentou.
Altos prejuízos
De acordo com Patrícia, os prejuízos materiais são avultados. "Isto além das perdas materiais diretamente ligadas ao ataque, visto que cada ovelha tem um valor de cerca de 300 euros. A maioria estava para parir, ou seja, perderam-se também um ou dois cordeiros por cada uma", calcula a proprietária, apontando também os danos emocionais de "quem cuidava diariamente dos animais".
Antes deste caso, no dia 4 de setembro, um pastor da aldeia de Fonte Ladrão queixou-se ao ICNF que um lobo entrou num curral e deixou um rasto de morte. O proprietário do rebanho encontrou nove ovelhas mortas e três feridas, que acabaram por morrer nos dias a seguir. Também houve outro ataque na aldeia de Malhadas, com várias animais mortos e outros feridos.
O lobo-ibérico é uma espécie protegida por lei e Portugal está classificado com o estatuto de "em perigo".
Este verão, deflagrou um grande incêndio no Parque Natural do Douro Internacional, mas afetou sobretudo o concelho de Freixo de Espada à Cinta. Em Miranda do Douro, não há registo de incêndios significativos este ano.