Quem habita no bairro portuense queixa-se da humidade e do frio. Revoltados, pensam pedir reunião à Câmara.
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Estão cansados das obras, iniciadas em 2018, e têm um rol de críticas a fazer quanto à empreitada em curso no Bairro do Monte da Bela, em Campanhã, no Porto. A humidade e o frio são as queixas mais comuns. As estratégias para travar as correntes de ar, colocando panos nas janelas, são uma medida de recurso. Falam em danos nas paredes, tetos e janelas e dizem que não são ouvidos. Revoltados, pensam pedir uma reunião à Câmara.
Ao JN, fonte do Município refere que "a obra é acompanhada por uma equipa de fiscalização que está afeta a 100%, estando inteiramente disponível para dar resposta às queixas e dúvidas dos inquilinos".
Quem lá reside contrapõe.
"Isto foi mal organizado desde o início", desabafa, irritado, Desidério Rodrigues. "Há água a cair pelas paredes abaixo. As madeiras que colocaram estão a ficar podres", prossegue, dando voz ao descontentamento geral.
O andamento da empreitada causa desagrado. "Os primeiros andaimes foram colocados em julho de 2018", lembra Desidério, para vincar a demora dos trabalhos, embora as placas afixadas no terreno apontem para junho de 2020 o prazo da conclusão.
Também esta data é motivo de controvérsia. "Numa reunião na Junta de Freguesia, em 2018, falou-se em prazos e foi dito que os Blocos 3 a 7 ficariam prontos em 2019. Para os outros, 1 e 2, o previsto era 2020", diz Fátima Afonseca, a debater-se, igualmente, com o problema da humidade.
Autarquia sinaliza casos
Relativamente a esta questão, a Câmara adianta que "algumas habitações já estão sinalizadas". É acrescentado que "na sua maioria as mesmas resultam de condensações, ou seja, da falta de ventilação".
A explicação não convence os moradores, mas a Autarquia adianta que "com a colocação de grelhas nas janelas e com o novo sistema de ventilação dos WC, estas ocorrências melhorarão". É prometido, ainda, "substituir as atuais janelas por novas em alumínio", assim como colocar "novas guarnições em madeira".
Mas, com o bairro transformado num estaleiro, os residentes prendem-se ao que veem. E protestam. "As canalizações rebentaram com tudo", realça Maria Quintela. Desalentada, Júlia Sousa, que sofreu um AVC, desconfia do resultado final. "Os meus filhos gastaram aqui dinheiro e a casa estava impecável. Com estas obras ficou muito pior", avalia, pela negativa, apoiada pelos vizinhos.
Críticas à segurança
Maria de Fátima, moradora num rés do chão, diz que ficou "sem varões no exterior". Como o marido não tem uma perna e anda de muletas, classifica a situação de "muito perigosa". A Câmara responde que estão "garantidas as condições de segurança" e que são "criados acessos para minimizar o impacto das obras".
Valas e cascalho
Como refere o Município, "há obra em várias frentes" e isso "leva naturalmente a uma mudança de rotina dos moradores". Mas quem habita no Monte da Bela não se conforma. Há pátios cheios de cascalho. Uma vala nas traseiras também causa desconforto. "Isto está parado há mais de dois meses. Abriram as valas e não mexeram mais", aponta, indignado, Desidério Rodrigues.
Espera no Bloco 2
Até à reportagem do JN, no último fim de semana, havia um bloco, o número 2, sem sinais de trabalhos. A Autarquia frisa que faltam seis meses para concluir toda a empreitada.
