A Câmara do Porto resolveu submeter a consulta pública o projeto de alteração ao Regulamento da "Movida do Porto", a fim de obter "contribuições para a harmonização da vida noturna da cidade", numa tentativa de travar o fenómeno do "botellón" e controlar a venda de bebidas ao postigo e o ruído em período noturno. Uma das grandes novidades desta revisão é a tinta hidrofóbica, que protege muros e paredes e repele a urina contra o infrator.
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A medida foi introduzida pela autarquia pouco antes de começar a pandemia mas, com vista a não contribuir para a propagação da covid-19, acabou suspensa. Contudo, com a pandemia, ao contrário do que seria de esperar, o "botellón" intensificou-se. Com os bares e discotecas fechados, as bebidas continuaram a ser vendidas ao postigo, e esquinas, muros e paredes foram transformadas em casas de banho.
Esta medida foi explicada à vereação, na última reunião do Executivo, pela diretora da Movida, Ana Cláudia Almeida. A utilização da tinta hidrofóbica "será reforçada", sendo uma das soluções mais eficazes e já utilizada em várias cidades europeias, para defender o património urbano.
A urina é repelida contra o infrator que, assim, fica com as calças e os sapatos molhados. A solução em tinta ou em spray permite que os locais sejam facilmente limpos pelos serviços da autarquia.
Bringe Drinking
Outra das medidas a implementar será o "bringe drinking": a medição dos níveis de alcoolemia que os clientes podem fazer nos estabelecimentos, sabendo assim se devem ou não conduzir. Também a medição de substâncias psicotrópicas vai passar a ser habitual nas noites portuenses e tudo isso será explicado nas ações de sensibilização que a autarquia vai promover.
Novos horários
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Será no entanto a limitação dos horários de funcionamento que poderão melhorar a qualidade de vida de quem mora nas zonas com mais bares e discoteca, essencialmente no Centro Histórico e Baixa. Mercearias, garrafeiras e lojas de conveniência vão encerrar às 21 horas e a restauração e esplanadas à meia-noite, exceto às sextas e sábados, que poderão ter as portas abertas até à uma hora.
O regulamento permite alargar esses horários até às duas horas, medida condicionada à garantia de que os clientes ficarão no interior dos estabelecimentos e não saem com bebidas para o exterior. Quanto ao consumo de álcool na via pública, a Câmara pouco pode fazer, até porque a prática não é proibida, salvo em casos pontuais e em determinados locais. A autarquia apela a que os estabelecimentos optem pelo policiamento gratificado e vai colocar painéis e outdoors na via pública pedindo silêncio e o respeito pelos residentes.
Zona de proteção
A revisão da movida traz uma zona de contenção na qual as medidas em defesa dos moradores serão mais rigorosas. São elas as ruas da Picaria, do Almada e de Ceuta, o Campo dos Mártires da Pátria (Cordoaria), a Calçada das Virtudes e as ruas de Cedofeita e de Mártires da Liberdade.
Boas práticas
Além das ações de sensibilização no espaço público, como a distribuição de um folheto de boas práticas, a autarquia vai promover ainda outras iniciativas, nomeadamente no melhoramento da iluminação pública nos locais mais problemáticos, a instalação de videovigilância e maior fiscalização.