Um movimento lançado nas redes sociais está a mobilizar automobilistas do Minho para se deslocarem até Espanha, em caravana, e ali abastecerem combustível como forma de protesto pelos preços em Portugal.
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Em causa está a página "O Minho vai a Espanha abastecer", criada no Facebook, na qual se convocam os automobilistas da região para uma deslocação, em excursão, no próximo dia 10 de abril, para abastecer combustível em Espanha.
Os interessados estão a ser convocados para se concentrarem às 14 horas daquele dia, no parque da Cidade, em Viana do Castelo, seguindo em caravana para a A28, em direção a Vila Nova Cerveira. Prevê-se que atravessem depois a ponte internacional que liga a Tomiño, na Galiza. "Trata-se de uma chamada de atenção ao Governo em funções para repensar a estratégia da política de combustíveis no nosso país", lê-se naquela publicação.
Em declarações à agência Lusa, Diogo Oliveira explicou que "o repto foi lançado, na segunda-feira, por Rui Lopes na página 'Operação STOP - Viana do Castelo' e, em poucas horas, suscitou quase 700 reações e quase 200 comentários de apoio", naquela publicação.
"Face à dimensão que o desafio ganhou, decidi colaborar e criar o evento que está a ter uma adesão significativa", explicou o técnico de arqueologia de Viana do Castelo.
Diogo Oliveira, de 33 anos, adiantou que "nos próximos dias vão ser desenvolvidas todas as diligências junto das autoridades policiais portuguesas e espanholas para que a forma de protesto pacífica decorra com toda a serenidade".
"Nos próximos dias iremos facultar um formulário para que as pessoas que queiram participar se possam inscrever. O objetivo é depois articular com as gasolineiras espanholas no sentido de distribuir os automobilistas que decidirem participar por diferentes estações de serviço, evitando assim perturbações da ordem pública de fluidez de trânsito no país vizinho", sublinhou.
"Quando os automobilistas portugueses entrarem em Espanha irão munidos de um mapa com os postos de abastecimento de combustíveis onde se poderão dirigir para abastecer sem causar engarrafamentos e desordem", explicou.
Diogo Oliveira realçou que se "trata de uma forma de contestação ordeira e pacífica para chamar à atenção do governo português que, através do Orçamento do Estado para 2016, decidiu aumentar os impostos que incidem sobre os preços dos combustíveis".
"A justificação das flutuações do preço do petróleo no mercado é compreensível, o que não é compreensível é que para a dimensão da nossa economia tenhamos o preço dos combustíveis acima da média europeia. Os valores são exageradíssimos, estrangulam empresas e famílias", sustentou.
Diogo Oliveira adiantou que se trata de uma ação "simbólica" para "passar a mensagem ao governo português", porque "na prática, a população do Alto Minho já tem o hábito, devido à proximidade, de abastecer na vizinha Galiza".
No início deste mês, em Vila Nova de Famalicão, o ministro da Economia apelou ao "civismo" da população da fronteira com Espanha, pedindo-lhes para não abastecerem combustível naquele país, porque assim estão a pagar impostos lá, o que considerou "mau" para as contas públicas portuguesas.
Caldeira Cabral lembrou que para "financiar" serviços públicos é "preciso pagar" impostos e afastou um cenário de baixa de impostos.
O governante comentava as preocupações dos empresários do setor, nomeadamente da Associação Nacional dos Revendedores de Combustíveis, que tem vindo a manifestar descontentamento com o facto de as populações fronteiriças irem abastecer a Espanha, colocando os postos de abastecimento portugueses daquelas áreas numa "situação difícil".