Três semanas depois da morte de Giorgio Armani, Milão homenageou-o no Teatro Armani, onde o corpo fora velado. A coleção "Returns", preparada pelo próprio, celebrou 50 anos da marca com aplausos de pé e a participação da modelo portuguesa Vitória Mota.
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No contexto da Semana de Moda de Milão, a Via Bergognone encheu-se novamente de emoção. No mesmo Teatro Armani onde, há três semanas, milhares de pessoas se despediram do criador, a Emporio Armani apresentou, esta quinta-feira, o primeiro desfile sem a presença física de Giorgio Armani.
Nos bastidores, a atmosfera era de grande respeito e emoção. Leo Dell"Orco, braço direito de Giorgio Armani, cumprimentava discretamente alguns convidados. Quando as primeiras modelos surgiram na passarela com as criações finais do estilista, falecido a 4 de setembro, parecia que ele ainda estava presente, orientando cada detalhe e enchendo o momento de um simbolismo intenso, mas silencioso.
As modelos surgiram a aplaudir, gesto que contagiou de imediato o público, que se levantou para uma ovação prolongada. Em vez do habitual cumprimento de Armani, o momento transformou-se num tributo coletivo ao homem que transformou a elegância italiana em referência mundial.
"Returns": herança e futuro
A coleção "Returns", deixada pronta por Armani, condensa a identidade da marca: tons neutros, cortes fluidos e silhuetas alongadas. Calças largas de inspiração oriental, quimonos, gorros e bolsas oversized misturam referências de viagens distantes com um guarda-roupa urbano composto por parkas, sobretudos, conjuntos e coletes versáteis.
FOTOS: EPA/MATTEO BAZZI
Para esta última linha, Giorgio Armani imaginou um guarda-roupa de verão, leve e delicado, em tons suaves ou desbotados pelo sol, com tecidos fluidos que reforçam a suavidade e a finesse características da sua estética. À noite, vestidos de nylon leve, tops com cristais e túnicas bordadas mantêm a sofisticação que sempre definiu a maison. "A nova coleção era sempre a mais importante", recordaram membros da equipa, sublinhando o perfeccionismo do criador até ao último momento.
Entre os destaques, a modelo portuguesa Vitória Mota abriu a passarela e partilhou nas redes sociais, resumindo o sentimento de ter sido escolhida: "Profundamente grata por ter aberto a última coleção supervisionada pelo Sr. Armani - Ritorni, Primavera de 2026. O seu legado caminhava connosco naquela passarela. A sua visão perdura. Grazie mille, Geremia Schiamo (diretor do casting), e a toda a equipa."
A apresentação assinalou também o cinquentenário da maison, que será celebrado com um grande desfile domingo, no Pátio da Honra do Palazzo di Brera, espaço que acolhe uma exposição dedicada à carreira de Giorgio Armani, onde os seus designs dialogam com obras-primas artísticas.
Este desfile anuncia-se como o ponto culminante desta Semana de Moda de Milão carregada de emoções.