Confrontada, pelo JN, com as acusações da Autarquia de Ponte de Lima, fonte da RAVE indicou que, para o troço da linha de alta velocidade entre Braga e Valença "foi trocada informação com todas as autarquias abrangidas, incluindo a de Ponte de Lima, para verificação de eventuais constrangimentos aos traçados em estudo".
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Acrescentou a fonte que, após a conclusão dos estudos prévios, a RAVE reuniu com as autarquias de Braga, Vila Verde, Paredes de Coura, Vila Nova de Cerveira e Valença entre 21 e 23 de Julho passado, assinalando que, no caso do encontro com a Câmara de Ponte de Lima, "reunião solicitada por carta datada de 2 de Julho, a mesma não veio a concretizar-se por dificuldades de compatibilização de agendas".
Sobre a questão, o autarca limiano, Daniel Campelo, havia já referido que a "dificuldade" no agendamento do encontro "nunca poderia ser atribuído" aos órgãos concelhios, "mas sim à RAVE". Segundo a empresa, sob análise encontram-se, agora, corredores com uma largura de 400 metros, contudo, a faixa de ocupação da rede no terreno será, em média, de cerca de 40 metros de largura.
A definição dos corredores do TGV no concelho limiano traz irritados autarcas e populações. Câmara, que diz que "não foi tida nem achada", reúne com a RAVE. Assembleia Municipal cria comissão de acompanhamento.
A população de Ponte de Lima nem quer ouvir falar no TGV. Segundo a Autarquia local, que garantiu, recentemente, "total oposição" aos corredores definidos para a passagem no concelho da Rede Ferroviária de Alta Velocidade (RAVE), a "falta de estudos" dos impactos que podem advir dos traçados propostos "chega a ameaçar igrejas e, mesmo, uma área protegida (Bertiandos)".
O Executivo de Daniel Campelo critica, ainda, o facto de os corredores propostos terem sido definidos "à revelia dos órgãos concelhios, que não foram tidos nem achados em todo o processo". A Autarquia tem, agora, um encontro agendado para a próxima segunda-feira, com os responsáveis da RAVE, no qual espera que sejam criadas condições que "minimizem o impacto" da passagem do TGV pelo município limiano. Tal esperam, também, diversos autarcas do concelho.
"Preocupado" afirma-se o autarca de Freixo, freguesia cuja igreja paroquial "está precisamente no meio" de um dos dois corredores (traçado Poente) definidos para a passagem do TGV no município. "As pessoas estão revoltadas. Ninguém aceita esta situação", garante José Silva, assegurando que a localidade "lutará até às últimas consequências" contra a proposta, publicada em Diário da República. Semelhante juízo formula o homólogo de Ribeira, Aníbal Amorim, dando conta que o traçado (Nascente) "passa literalmente por cima das populações". Aludindo aos corredores como "dois presentes envenenados", afiança que o corredor que afecta a localidade "dista menos de um quilómetro da vila de Ponte de Lima, o que é inconcebível".
Afiançando que as propostas que foram apresentadas ao concelho "são muito más", o presidente da Câmara, Daniel Campelo, refere que o Executivo "pretende saber se será possível chegar a melhores opções", optando por não se pronunciar mais sobre a matéria antes do encontro agendado com a RAVE. Presidente da Assembleia Municipal limiana e deputado (CDS-PP) no Parlamento, Abel Baptista critica o facto de o concelho "ser o único (da ligação Porto/Valença) a ser atravessado por dois espaços canais". Defendendo um "debate frontal" sobre a questão, adiantou que na assembleia municipal de 25 de Abril deverá ser criada uma comissão para acompanhar o processo, formada pelas diversas bancadas.