As associações de músicos do Stop criticaram o Ministério da Cultura por nunca se ter pronunciado face aos eventos recentes e consideram que falta uma declaração de utilidade pública do centro comercial, para evitar a saída dos mais de 500 artistas.
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"O Ministério tem feito "orelhas moucas" quanto ao Stop, que já há vários anos tem tentado contactá-lo", disse José António Pereira, da Associação Cultural de Músicos do Stop, no decorrer da audiência com a Comissão de Cultura, na Assembleia da República, esta terça-feira, em Lisboa.
Rui Guerra, da mesma associação, refere que há dúvidas sobre uma posse administrativa ou qualquer investimento por parte da autarquia portuense.
Por seu lado, o deputado do Bloco de Esquerda, José Soeiro, criticou o argumento da ilegalidade em financiar o Stop por ser um espaço privado: "A Câmara do Porto injetou 600 mil euros para o Primavera Sound, mesmo sendo uma empresa privada. Há claramente falta de vontade, uma vez que o ministério pode atribuir uma declaração de utilidade pública".
Até hoje, o Ministério da Cultura nunca visitou ou contactou o Stop, confirmou Henrique Ruas, da Alma Stop.
Artistas desesperados abandonam salas
Mariana Costa, da Alma Stop, referiu que há uma grande falta de comunicação que tem deixado os músicos desesperados e tem levado "imensa gente a abandonar as salas nos últimos tempos".
"Muitos de nós deixamos de ser músicos nos últimos tempos para tratar de burocracias que parecem impossíveis. Nunca chegámos a nenhuma conclusão no final das conversas (com a Câmara e autoridades públicas), que demoram imenso tempo até acontecer", partilhou.
Segundo a integrante da associação, os artistas nem sequer sabem "se é suficiente desimpedir a saída de emergência e colocar os extintores".
Por sua vez, Rui Guerra, da Associação Cultural de Músicos do Stop, considerou que o município tem desempenhado o papel de parceiro e quer ajudar a permanência dos artistas.
"Neste momento estamos pendentes do Ministério da Cultura. Devia haver uma classificação diferente para os chamados shoppings de primeira geração", acrescentou.
"O fantasma de despejo é grande", expôs Rui Guerra, que têm reunido com os proprietários, que são cerca de 96. Contudo, "a maior parte está disposta a vender", uma vez que muitos deles recebem de renda praticamente o mesmo que pagam ao condomínio.
Salas comuns na Pires de Lima
"Um espaço alternativo ao Stop será sempre insuficiente", disse Henrique Ruas, da Alma Stop, em resposta à deputada do Partido Socialista, Maria João Castro, que questionou sobre a Escola Pires de Lima como alternativa.
Segundo o associado, a comunicação não tem falhado por falta de vontade dos músicos, que ainda procuram mais informação sobre o projeto.
"O projeto da Pires de Lima não será para nós", disse Rui Guerra. Este elemento da associação referiu que as obras no espaço "vão permitir uma capacidade para 50 salas no máximo". Mas irão funcionar como espaços comuns para várias bandas, que deixam de ter os próprios espaços.