O presidente da Área Metropolitana (AMP), Eduardo Vítor Rodrigues, afirmou que "não é o Porto, nem Gaia, que vão resolver o problema de Arouca", mas sim o Estado. Respondia a Margarida Belém, da Câmara de Arouca, que disse haver, na AMP, um "caminho a fazer" e que "os territórios rurais não são de segunda".
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"Acho que se deve trabalhar a união. Agora, deve-se tratar de forma diferente, o que é diferente. As problemáticas de Arouca são diferentes das problemáticas de Gaia. É preciso não confundir as coisas, porque não é o Porto, nem Gaia que vão resolver o problema de Arouca. São as políticas públicas do Estado, depois nós fazemos a nossa parte, numa lógica subsidiária, mas o Porto não tem culpa, nem Gaia tem culpa dos indicadores menos favoráveis de um ou outro território do país. O Estado tem a sua componente de solidariedade para pôr em prática", referiu Eduardo Vítor Rodrigues, também autarca de Gaia, esta quarta-feira, à margem do anúncio do lançamento da Agenda Estratégica Gaia 2035.
Em declarações ao Porto Canal, a presidente da Câmara de Arouca, Margarida Belém, havia dito que na Área Metropolitana do Porto "há um caminho a fazer em conjunto" e que os “territórios rurais não são de segunda”.
"Temperança"
Ao líder da AMP também foi pedido um comentário às declarações do presidente da Câmara do Porto, Rui Moreira, acerca deste ter afirmado que os municípios mais pequenos não têm uma visão metropolitana relativamente aos fundos europeus.
"Aquilo que o presidente Rui Moreira disse é que os municípios mais pequenos, e que estão mais distantes, têm uma visão muito distinta e muito heterogénea daquilo que são os municípios do centro, e que isso põe em causa, no fundo, um debate que é um debate muito mais diverso. Mas também lembro que o presidente Rui Moreira disse que eu tenho, ele chamou a temperança, para conseguir juntar tudo isso, e ao longo destes quase oito anos consegui coisas inimagináveis, desde a criação do passe único, por unanimidade, ao financiamento do PART [Programa de Apoio à Redução Tarifária nos Transportes Públicos], ao Coliseu e a tantas outras coisas que têm sido aprovadas por unanimidade", adiantou.
"Dá um bocadinho mais de trabalho, porque a Área Metropolitana é diversa, mas nessa diversidade também há grandes potencialidades", concluiu.
"Solidariedade e interdependência"
Também o presidente da Câmara da Trofa, Sérgio Humberto, fez observações à atuação do presidente da AMP, designadamente quanto à concordância relativamente às declarações de Rui Moreira. Sobre o assunto, Eduardo Vítor Rodrigues mostrou-se tranquilo.
"Sou o presidente da Área Metropolitana, tenho muito orgulho [na AMP], está longe de mim pensar que algum presidente de Câmara é suficientemente superior aos outros para dizer o que é que os outros devem dizer, e portanto eu respeito muito o que cada um possa dizer, mas acho que a Área Metropolitana tem sido gerida com muita equidade e tranquilidade", comentou.
"Na verdade, tem que se dizer que se uma parte importante dos fundos comunitários deste atual quadro comunitário foram distribuídos numa lógica tão solidária como facilmente se demonstra que nunca aconteceu, isso deveu-se muito ao presidente Rui Moreira, que teve esta perspectiva de solidariedade, de abdicar de uma parte dos seus recursos, como Gaia e Matosinhos abdicaram, para ajudar os territórios do interior. É esta a solidariedade e a interdependência, agora temos que fazer isto usando o critério para tudo, quando é para pagar e quando é para receber", observou.