Produtores e cooperativas sem dificuldade em escoar o fruto. Feira arranca este sábado para vender a colheita de um bom ano em quantidade e qualidade.
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Os mirtilos de Sever do Vouga fintaram a pandemia e, tanto no ano passado como neste, continuam a ser escoados sem dificuldade, seja para venda direta ao consumidor ou para exportação. Hoje e amanhã decorre mais uma edição da Feira Nacional daquele fruto, no Parque Urbano da vila.
Devido à covid-19, os moldes do certame mudaram, é mais curto e restrito, mas ainda assim no recinto são esperados sete produtores, que estarão a vender mirtilos e seus derivados, como compotas e licores. O fruto rondará "os cinco a seis euros o quilo", apurou o JN.
António Coutinho, presidente da Câmara, considera que era "imperativo" para a economia local que a feira voltasse à "capital do mirtilo". No próximo mês, será lançada uma plataforma online (www.capitaldomirtilo.pt), onde quem quiser pode adquirir os produtos.
O ponto alto das campanhas, que decorrem de maio a julho, "têm coincidido com os desconfinamentos, pelo que os clientes têm vindo comprar", contou Isabel Cruz, uma contabilista que, em 2010, trocou os eucaliptos por mirtilos numa quinta em Soutelo, Sever do Vouga. Daquele meio hectare saem duas toneladas de mirtilos por ano, que vende frescos, em compotas ou licores. "Temos clientes de todo o lado, do Porto a Sintra. As pessoas gostam de saber a origem e por vezes pedem para apanhar", relata Isabel, explicando que abriu uma loja junto à exploração.
Maioria para exportação
É uma exceção, já que a maior parte segue para cooperativas, que os exportam. Desde 2015 que a produção de mirtilo em Sever do Vouga se mantém mais ou menos estável, com cerca de 200 agricultores a produzirem perto de 250 toneladas por ano.
José Carlos Sousa, da Mirtilusa, conta que, em 2020, a duas semanas do início da campanha, chegou a temer não ter compradores, mas "depois começou a fluir e escoou-se tudo. Este ano está a ser ainda melhor".
"É um bom ano de produção, tanto em quantidade como em qualidade e calibre", acrescenta Paulo Lúcio, presidente da cooperativa Bagas de Portugal.
De acordo com estes dirigentes, cerca de 95% do produto que chega às cooperativas é para exportar, com destaque para Espanha, França, Holanda, Alemanha, Dinamarca e Reino Unido.
Entre "80% e 90%" das produções em Sever, dizem ainda os dois responsáveis, já têm certificação Global Gap, uma indicação de que são seguras e sustentáveis e sem a qual seria difícil comercializar para o estrangeiro.
Farinhas, purés e desidratados no próximo ano
A Bagas de Portugal planeia começar, em setembro, a dar formações para ensinar os agricultores a transformar o mirtilo, fazendo farinhas, purés e desidratando-o. A ideia é que o produto ganhe "mais valor no mercado nacional", explica o presidente da cooperativa, Paulo Lúcio. Em simultâneo, também haverá sessões para ensinar o público a incluir na sua alimentação estes novos produtos. As formações decorrerão na nova sede da Bagas de Portugal, no Vougapark, em Sever. Estima-se que em 2022 os primeiros produtos com mirtilos de Sever do Vouga estejam no mercado.